(O
modelo astrológico - vertical - em contraposição
ao modelo científico - horizontal)
"A sabedoria consiste em falar e agir segundo a verdade,
Observando cuidadosamente a natureza das coisas."
Heráclito (Fragmentos)
Qualquer
fórmula, relação ou lei natural não
poderia existir se não houvesse uma ordem cósmica.
Tanto o conhecimento científico quanto o saber
esotérico estão subordinados a leis maiores
- eu as chamaria de Leis Cósmicas - que são
princípios abstratos que determinam coerência
e ordem do Todo. Estes princípios podem ser encontrados
no Caibalion1, que através de suas sete leis herméticas
forma uma espécie de "Constituição
Cósmica".
Os
cientistas, por exemplo, vivem buscando equacionar todos
os fenômenos que ocorrem no Universo, o que seria
inviável se não houvesse uma relação
de causa e efeito entre as ocorrências da natureza.
Sem isso, seria impossível buscar-se relações
e equações que explicassem o universo visível.
Da mesma forma, os astrólogos relacionam as "imagens"
que permeiam o Universo, buscando um elo comum entre as
infinitas "mensagens" que cruzam simultaneamente
os mais diferentes planos de experiência, tanto
os macrocósmicos quanto os microcósmicos.
No entanto, diferente da mentalidade científica,
os astrólogos não buscam relações
de causa e efeito entre estes fenômenos, mas, sim,
um elo simbólico entre os mesmos, como se houvesse
algo maior que, com um "sopro", colorisse com
os mesmos tons os elementos simbolicamente análogos,
desde as galáxias até os átomos e
partículas infinitesimais, seja nos planos materiais
ou nos planos sutis de experiência. E a forma como
os astrólogos "sentem" este "sopro"
é através de simbolismos, o que aproxima
a astrologia de algo poético ou artístico.
O
mais importante é que ambas as formas de se ver
a realidade estão subordinadas a leis maiores.
Curiosamente a Lei maior da ciência é ignorada
pelos cientistas, não sendo jamais citada em tratados
ou livros de ciência. Esta Lei é denominada
"Princípio de Causa e Efeito". Da mesma
forma, há uma outra Lei que rege todos os fenômenos
ditos esotéricos ou verticais, denominada "Princípio
de Correspondência". Estes são respectivamente
o sexto e o segundo princípios do Caibalion.
O
Princípio de "Causa e Efeito" é
- como veremos - uma lei horizontal, que atua no universo
material da existência e está ligado à
entropia (ou Lei de Economia), regendo a distribuição
da matéria, e atuando numa direção
estritamente material. Daí a enorme dificuldade
que os cientistas têm em abordar as questões
relacionadas à existência, à vida
e à alma.
Já
o "Princípio de Correspondência"
é uma lei vertical, acausal e, portanto, não
se manifesta por relações de causa e efeito.
É um princípio que comanda a dotação
de vida a toda matéria que existe no Universo (Lei
de Atração). Diz o "Princípio
de Correspondência":
"O que está em cima é como o que está
embaixo, e o que está embaixo é como o que
está em cima."
Deve-se entender perfeitamente este "é como",
que significa ser análogo, mas não igual
ou semelhante. É ter uma função correspondente
que expresse um mesmo princípio arquetípico,
seja qual for o plano de manifestação. Seja,
por exemplo, a função "centralizar",
ou "irradiar". No Sistema Solar esta função
arquetípica é expressa pelo Sol. A função
"sol" inclui outras atribuições
como transmitir vitalidade, criatividade, nobreza, majestade,
liderança, brilho, dramaticidade. O astro Sol cumpre
tudo isto no Sistema Solar. Um rei é o "sol"
para o seu reino, assim como o coração é
o "sol" do corpo humano, já que expressam
funções análogas em relação
ao seu sistema. O leão, o rei dos animais, expressa
o princípio solar através do seu porte,
conduta e aspecto. Entre os pássaros, temos o pavão,
nas flores o girassol. Enfim, em cada plano de manifestação
ou sistema, iremos encontrar elementos que expressam este
princípio. Poderíamos adotar o mesmo procedimento
para os outros princípios arquetípicos.
Aqui, é importante considerar que ao interpretar
um mapa astrológico, o astrólogo não
está lidando com planetas físicos tipo Sol,
Lua, etc, mas sim com o princípio que este planeta
expressa.
O
ponto mais importante do "Princípio de Correspondência"
é que trata-se de uma lei acausal. Ele estabelece
apenas uma relação "funcional"
entre os variados planos de manifestação
sem que haja aí nenhuma relação de
causalidade. É através desta lei que funciona
o esoterismo e todos os mecanismos em que se reconhece
o Todo pela parte, ou outros planos a partir de um certo
plano específico. Os astrólogos, portanto,
observam a posição dos planetas no Sistema
Solar e "sentem" o que ocorre nos outros planos
de manifestação; no entanto, poder-se-ia
"sentir" o mesmo a partir de qualquer outro
plano de referência, da mesma forma como pode-se
conhecer condições de todo corpo humano
através da íris, das unhas ou das palmas
das mãos. No seu significado mais profundo, é
o "Princípio de Correspondência"
que mostra a interligação de todas as coisas
do Universo, como se fossem partes de um grande Todo Cósmico.
A
astrologia, portanto, lida com esta projeção
vertical expressa no "Princípio de Correspondência".
O que se manifesta no macrocosmo é espelhado no
microcosmo e vice-versa. A natureza é um espelho
de infinitas faces, que a cada momento reflete uma mesma
mensagem arquetípica.
Já
a ciência, cuja função é estabelecer
relações de causa e efeito, manifesta-se
no sentido horizontal, perpendicular ao esoterismo. É
regida pelo princípio de "Causa e Efeito",
que diz:
"Toda
a causa tem seu efeito, todo o efeito tem sua causa; tudo
acontece de acordo com a Lei; o acaso é simplesmente
um nome dado a uma lei não reconhecida; há
muitos planos de causalidade, porém nada escapa
à Lei."
O
saber científico é, em suma, a busca de
interligações, relações causais,
formulações, ao que não se submete
a astrologia, por ser expressão de um princípio
acausal. No esquema seguinte podemos ver melhor as projeções
verticais (esoterismo) e as projeções horizontais
(ciência).
Pelo
"Princípio de Correspondência",
vertical, podemos associar Saturno à disciplina,
ossos e porta. Sob o simbolismo deste planeta podemos
ter problemas ósseos ou as "portas podem ser
batidas na nossa cara". No entanto, estas são
relações acausais. Não é Saturno
que causa reumatismo e nem o responsável por nos
ter sido negada uma oportunidade. Da mesma forma, se eu
cair de uma árvore e partir a perna num aspecto
difícil de Saturno, uma segunda pessoa poderia
passar por um período de depressão e medo,
manifestando a função no plano emocional
ao invés de no plano físico. E, por essa
linha, as possibilidades são infinitas, e inclusive
pode-se optar por alternativas saudáveis para "canalizar"
o tal aspecto tenso. Esta possibilidade é uma das
grandes riquezas da astrologia. A situação
de Saturno relacionada a nós é apenas um
reflexo, que em suma poderia ser verificado em outros
planos de referência, pois cada reino de manifestação
tem "Saturnos" arquetípicos. A relação
astrológica é, portanto, acausal. Não
poderemos encontrar uma fórmula "científica"
que equacione porta, delegado e ossos.
Já
no sentido horizontal, podemos estabelecer fórmulas
e relações, uma vez que aí se manifesta
o "Princípio de Causa e Efeito". Esta
é a tarefa da ciência. Os astrônomos
estudam o céu e suas relações físicas,
os psicólogos estudam as neuroses e suas causas,
os biólogos analisam o funcionamento dos organismos,
etc. Podemos estabelecer relações causais
no sentido horizontal, mas não no vertical. Daí
ser incorreto considerar a astrologia uma ciência
- pelo menos nos moldes atuais em que esta palavra se
insere - ou atribuir "influência" aos
astros. Tenho visto pessoas que, para mostrar a "influência"
dos astros, recorrem a situações físicas,
como a influência da Lua sobre as marés ou
das manchas solares sobre a Terra, com se estes efeitos
físicos, e, portanto científicos, tivessem
relação com a astrologia. Não têm.
No sentido astrológico, os astros não predispõe
e nem influenciam nada, apenas refletem uma função
arquetípica, pois como diz o Princípio da
Correspondência: "O que está em cima
é como o que está embaixo, e o que está
embaixo é como o que está em cima".
REDESCOBRINDO
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE I
REDESCOBRINDO
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE II
REDESCOBRINDO A VERDADEIRA
ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE III
REDESCOBRINDO A VERDADEIRA
ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE IV
REDESCOBRINDO A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA
- PARTE V
REDESCOBRINDO
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE VI
REDESCOBRINDO
A VERDADEIRA ESSÊNCIA DA ASTROLOGIA - PARTE VII