Insólito - Parte 3
por Carlos Hollanda


Ilustração: Carlos Hollanda

Continuação

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Apesar de ser fevereiro, o clima não tinha lá muita cara de verão. Fazia frio naquele lugar e, embora o relógio de pulso marcasse meio-dia, a luz era difusa como se o sol já estivesse quase sumindo no horizonte. Uma sensação estranha impelia o jovem ribanceira abaixo como se o magnetizasse. Sentia os pés deslizarem no barro úmido, acelerando a descida. Temendo não conseguir frear antes de chocar-se contra algo, arrastava mãos, pés e traseiro sem sucesso. O frio na barriga e a sensação de queda livre, porém, reduziram-se após longos e agonizantes segundos. Ele chegara ao final. Percebeu que a borda do penhasco estava tão distante quanto as nuvens no céu. Matutava sobre o tempo que levaria para subir tudo outra vez, se conseguisse fazê-lo, já que a escalada íngreme teria de ser feita sobre a lama que se desfazia ao menor toque.

Olhou ao redor. O local era familiar. Já estivera ali antes, não sabia quando, mas estivera. A lua já despontava no horizonte, cheia, enorme, amarelada, iluminando suavemente os arredores. Um odor agradável penetrou em suas narinas acalmando-o ao mesmo tempo em que anunciava a chegada de uma mulher que viera por detrás das árvores da clareira. Ela se aproximou e murmurou seu nome:

- Edgar...

Ele notou que sua face era um tanto nebulosa, modificando-se aos poucos, como se fosse feita de fumaça ou como se fosse apenas um halo de luz. A cada minuto vinha uma face diferente. Eram três que se alternavam. Uma delas era a de uma mulher madura com olhar severo. As outras duas eram de uma adolescente e de uma mulher jovem. A jovem chamou-lhe particularmente a atenção. Não conseguia identificar o motivo, mas de algum modo aquele rosto o fazia sentir-se muito bem. A face severa retornou e disse:

- Por que me renegas, filho? Por que não me abres as portas?

- Não sei do que a senhora está falando. Como assim, abrir portas? Que portas?

- Você ainda não entendeu... - disse a face menina - ainda não bastaram as coisas que viste?

Confuso, ele tenta articular uma nova frase ante o surgimento da face de mulher jovem. Antes porém que consiga emitir o primeiro som, a figura se afasta um pouco e abre a túnica que a envolvia num gesto vigoroso. Por baixo, nada além de escuridão. Nesse ínterim, a lua tomou-se de vermelho, um vermelho sangue que parecia escorrer pelo céu como num parto sob convulsões furiosas. Edgar observa assustado a saída de um homem de grandes proporções de dentro da escuridão que outrora estava sob a capa da mulher de três faces. Era ele novamente, o ser negro, não de pele, mas de essência, que o aterrorizara certa vez*.

* - ver capítulo 1.

- Reconheces-me agora, Edgar? – O estranho ser estende as mãos, num gesto de doação. Por entre seus dedos nodosos brilhava uma estrela dourada de cinco pontas.

Um tanto assustado, mas desta vez percebendo que não sentira náuseas, Edgar toma-lhe o presente. Toda a cena era observada pela mulher de três faces, que se mantinha com os braços abertos segurando o manto que abrigava sua escuridão quase tangível. A lua, naquele momento, parara de “sangrar”. Um pouco abaixo, o sol despontava no horizonte. Era algo incrível ver o sol e a lua cheia, presentes no mesmo momento no céu, ambos brilhando com grande intensidade.

Ao olhar novamente para a estrela, Edgar vê-se envolto num halo violeta. Seus nervos se acalmam, uma sensação indescritível de relaxamento toma seu ser. Os olhos do gigante da penumbra faiscam, chamando a atenção do rapaz. Eles se entreolham fixamente e o gigante toca a fronte de Edgar, bem entre os olhos, com o indicador direito. Todo seu corpo estremece. Um arrepio elétrico eriça seus cabelos. O gigante se afasta, retornando ao manto escuro da mulher de três faces. Ela, por sua vez, é engolfada pela luz dos dois luminares estranhamente conjuntos quando deveriam estar opostos. Num clarão, tudo desaparece.

- Argh! – acorda sobressaltado com a luz do sol nos olhos após uma suave brisa ter deslocado a cortina – humm... outra vez aquele sonho...

Ele repara que os pêlos de seus braços estão arrepiados, muito embora não sentisse o menor indício de frio.

- EPA! - No espelho leva um susto com seus cabelos: eles estavam arrepiados e pontudos como os de um punk. Era a quarta vez durante aqueles dois primeiros meses de 1989 que ele tivera um sonho parecido. Julgava que eles vinham em decorrência do choque de ter descoberto que passara no vestibular com uma boa colocação. Mas é claro que uma a boa colocação não era o fator principal em sua esquisitice e sim a possibilidade de estar pronto para a internação psiquiátrica, após aquela cena insólita durante a prova*. Tentava não lembrar disso desde então, mas aí vieram aqueles sonhos incômodos...

*ver capítulo 2

Estava com um formigamento incômodo na testa, bem entre os olhos. Acordou com aquilo meio doído. De repente, uma comichão no pescoço o força a olhar para a porta do quarto. Parecia estar vendo sua avó apressá-lo para fazer um lanche, muito embora visse a cena meio nebulosamente.

- Não quero não, vó. Deixa que eu vou lanchar na rua – disse ele olhando para a porta fechada do quarto.

Na verdade, dona Odette havia acabado de sair da cozinha pensando em oferecer lanche. Só podia ser lanche, não um café da manhã, pois já passara das 4 horas da tarde. Deixara o neto dormir além da conta pois ele tinha virado algumas noites datilografando trabalhos escolares para outras pessoas para pagar as contas da casa. Afinal de contas, fora ela mesma quem arrumara o trabalho com a vizinha de uma prima sua que tinha contatos numa universidade. Ouviu o neto responder à sua pergunta sem que a tivesse feito.

- Como ele sabia...? Mas será possível que nem uma surpresa eu consigo fazer pra esse garoto?!

Indo ao Show

O carnaval já havia terminado há duas semanas e finalmente chegara a hora. Edgar apressava-se para comprar um ingresso para o show do Legião Urbana que haveria naquele domingo. Há muito queria assistir a uma apresentação do conjunto. “Finalmente vou ver o Renato Russo e vou ver de perto, nem que para isso eu leve umas porradas dos seguranças”.

Era preciso urgência, pois ouvira dizer que os ingressos estavam acabando. A grana como sempre estava muito curta. Fez um esforço a mais para que sobrassem uns trocados, ao pintar a casa da dona Cremilda, vizinha de muitos anos, amiga de sua avó, que simpatizava com o rapaz. Até que a casa não precisava de pintura, mas vendo o desespero de Edgar ao conversar com seu Armando, dono da mercearia, sobre a dificuldade de ir ao evento, dona Cremilda resolveu ajudar. Claro que não ia dar de graça, pois isso, em sua concepção, não era educativo. Mas se ele fizesse um trabalho bonitinho até que pagaria um pouco além do combinado. Afinal de contas, sua aposentadoria somada à pensão de viúva lhe rendiam um certo excedente no fim do mês. Ademais, sempre sentira muita pena do menino. Admirava-o por nunca ter-se envolvido nas confusões do bairro, mesmo não tendo o referencial dos pais.

Edgar, por sua vez, apesar de estar feliz por ter conseguido um meio de ver seus ídolos de perto, detestava o fato de ter que ir sozinho. Não tinha um bom relacionamento com os outros rapazes da vizinhança, que preferiam ir aos bailes funk. Não desgostava de funk, mas não conseguia entender como aqueles caras “realizavam a proeza de não se interessarem pelo Legião Urbana”. Também não tinha namorada. “O quê? Namorada?!!! Tás brincando?!”, pensava ele, que se autodepreciava pensando ser feio e sem assunto. Também pudera: as meninas só se interessavam por caras que tinham carro e ele, conforme pensava, era um bosta, sem grana e sem graça. Depois era magro, cheio de costelas, suas roupas eram surradas e odiava roupas da Company, que naquela época estavam na moda, com aquelas cores berrantes “nojentas”. Com tanta percepção negativa sobre si mesmo não admirava não conseguir alguma coisa. Outro problema era que Edgar tinha uma mentalidade diferente da predominante naquele bairro. Gostava de ler, de saber das coisas, enquanto a rapaziada preferia ir aos bailes para “melar cueca” e, quem sabe, “comer uma mina”. Seu grande dilema nesse campo era ver que as “idiotas” preferiam os caras que se exibiam como Brucutus, ou em seus carros envenenados, ou mostrando que tinham capacidade de decisão desafiando outros rapazes. Isso podia acontecer de duas maneiras: em meio a um grupo de rapazes, aquele que tivesse cara-de-pau para conquistar o maior número possível de meninas era tido como um “cara esperto”. A segunda maneira era humilharem-se uns aos outros para impressionar as garotas. Em geral o mais forte ou o mais velho do grupo levava a melhor. E o pior é que isso dava certo: elas ficavam com os mais fortes ou com aqueles aparentemente mais “maduros”, segundo a terminologia delas. Edgar figurava entre os meninos bobos, crianças demais. Enfim, o estigma de sua adolescência ainda o perseguia naquele lugar. Por isso mesmo jurou dar um jeito de sair dali o quanto antes.

Mas pelo menos naquele dia, não iria importar-se com isso. Há algum tempo sentia necessidade de sair de si mesmo, enfrentar as coisas com maior objetividade. Estava cansado de engaiolar-se após cada tentativa frustrada, seja lá em que campo fosse. Prometera-se, na virada do ano, que iria conseguir um emprego fixo, que iria se esforçar para se relacionar melhor com as pessoas.

Tentou conter a ansiedade cantarolando as músicas do último álbum do conjunto. Uma em particular o atraía, talvez porque fosse 1989, ano de eleição:

Nas favelas, no Senado
Sujeira pra todo lado
Ninguém respeita a Constituição
Mas todos acreditam no futuro da nação

Que país é este

No Amazonas, no Araguaia, Na Baixada Fluminense
Mato Grosso, nas Geraes e no Nordeste tudo em paz
Na morte eu descanso mas o sangue anda solto
Manchando os papéis, documentos fiéis
Ao descanso do patrão

Que país é este

Terceiro mundo se for
Piada no exterior
Mas o Brasil vai ficar rico
Vamos faturar um milhão
Quando vendermos todas as almas
Dos nossos índios em um leilão.

Que país é este

Parou de cantarolar, encabulado ao perceber que estava sendo observado com olhares severos de um senhor sentado no banco da frente.

Desceu do ônibus na porta do jóquei-clube, onde seria o show. O velho continuava olhando com cara de insatisfeito. Percebeu-o dando uma bufada de satisfação ao vê-lo sair. Deu de ombros e pulou. O dia estava lindo, bem quente como devia ser um dia de verão no Rio. Ao atravessar a rua, sentiu seus pêlos se eriçarem novamente alguns segundos antes de avistar uma figura da qual não poderia ter-se esquecido nem se quisesse. Lá estava ele, andando todo desengonçado, conversando com todo mundo ao redor e fazendo chacota de desconhecidos. Só podia ser uma pessoa: o branquelo do vestibular. Sentiu simpatia outra vez por aquela figura caricatural. Edgar foi-se aproximando, lembrando de sua promessa, pronto para cutucar o... - como era mesmo o nome dele? – já que estava de costas e ainda não o vira. Porém, vários passos antes da abordagem, o rapaz gesticulante pára de súbito, como se tomado por uma força estranha. Ele se vira a tempo de ver Edgar com o braço estendido, pronto para chamá-lo. Ambos levam um breve susto e sorriem, cumprimentando-se mutuamente. O branquelo, põe para fora sua característica torrente verbal.

- E aí, cumpade! Passou no vestibular? Eu passei, fui bem paca, nono lugar na UERJ. Cê cresceu, pô?! Tá diferente! Também é fã do Legião? Aí, tem um cara lá na bilheteria que é meu parceiro, sabe? Acho que ele guardou dois ingressos pra mim.

Edgar já estava atordoado ao ser metralhado por tantas perguntas até que a última frase o despertou. Respondeu o mais depressa que pôde:

- Passei no vestibular, não fui tão bem, não cresci, sou fã, cadê o ingresso?

- Pô, aí, tô esperando uma mina que eu convidei, por isso o meu camarada guardou o ingresso pra mim.

Um Pouco de Adrenalina

- Ah... – Edgar enrubesce com a gafe. Tenta disfarçar, dizendo que vai até a enorme fila, quando tem aquela sensação conhecida de que algo errado estava para acontecer. À sua frente, um casal que atravessava a rua despreocupadamente, parecia estar com as camisetas manchadas de sangue. Juntamente com esta visão, sobreveio o eriçar dos pêlos. Edgar olha para os lados numa atitude explicitamente tensa. Do meio da multidão ele nota um rapaz negro dar um pulo anormalmente alto e correr em sua direção proferindo dezenas de palavrões. Ele se agacha, pronto para levar um safanão, o que não acontece. O jovem negro com pinta de atleta dá outro salto inexplicável no exato momento em que um carro irrompe pela esquina perseguido por uma viatura policial que cantava pneus.

A cena parecia transcorrer em câmera lenta. O incrível salto do negro musculoso em direção ao casal, os carros virando a esquina e um homem pondo a metade do corpo para fora do carro portando uma metralhadora do exército. Não podia dar noutra: tiroteio. Ainda vendo as coisas em câmera lenta, Edgar percebe que o casal tomba ao chocar-se com aquele que parecia ser uma verdadeira pantera negra. Ao lado deles, as balas disparadas aleatoriamente atingem o tronco de uma árvore, espalhando farpas para todos os lados.

A perseguição continuou, afastando-se do local. Centenas de pessoas deitadas no chão. Somente Edgar e o “branquelo” mantinham-se de pé estupefatos. O primeiro a sair da letargia é ele, o tagarela, dirigindo-se aos três próximos da árvore alvejada:

- Caramba, rapaz, tu deve ter o corpo fechado, hein! Ih, aí, cumpade! Aí, cara, olha só quem é o super-herói do dia!

Edgar de algum modo sabia quem era antes que tudo tivesse ocorrido. O outro rapaz que fizera o vestibular na mesma sala que ele o outro... – como era mesmo o nome dele?

O trio ficou rodeado de pessoas. Todo mundo foi correndo ver as balas que ficaram presas na árvore. Elas teriam atingido o casal na altura do peito e do pescoço.

Um policial que montava guarda no local veio tardiamente. Demonstrava grande preocupação, fez um breve sermão para o rapaz, que a essa altura estava sendo chamado de herói pela maioria e de “onça-preta” por alguns mais debochados.

- Onça-preta... – disse o policial, também negro – esse era o apelido que se dava prum negão muito forte, o dobro do seu tamanho, meu filho. Tinha uma foto dele lá em casa. Ele já morreu faz tempo, se estivesse vivo hoje teria uns 100 anos. Meu pai é que falava muito nele. Dizia que ninguém podia com ele no braço. Jogava capoeira como ninguém. Você até que se parece um pouco com ele, mas precisaria ter uns 30 centímetros a mais para ficar igual. Foi amigo de meu avô na época do Getúlio Vargas.

- Putz, ele devia ser aquele segurança do Getúlio Vargas, não? – Perguntou o jovem tagarela.

- Na verdade o Gregório Fortunato, era o segurança do Getúlio. Ele também era enorme, mas levou a pior com esse cara quando deu um safanão num garçom que estava na cozinha do Palácio do Catete. Esse garçom era chegado do negão. Ambos eram de Petrópolis, onde fica o Quitandinha, que fornecia garçons especializados para o atendimento do presidente em eventos. O Onça estava perto na ocasião e dizem que deu até pena do Gregório. Depois de dar a surra naquela muralha do presidente com aqueles pulos parecidos com esses que você deu, ele ficou conhecido como Onça-Preta. A sorte do Gregório era que o Onça não era ruim, como comentou meu pai. Ele só queria ficar no canto dele, não mexia com ninguém.

- Mas o Gregório não chamou reforços pra segurar o cara?

- Chamou, mas os outros seguranças conheciam o Onça e preferiram aconselhar o Gregório a fazer amizade com ele. Diziam que ele tinha corpo fechado, que já tentaram dar-lhe uns tiros, mas que ele sempre se safava. O Onça saiu correndo e o pessoal deixou pra não causar mais tumulto.

Após toda aquela história, Edgar dera-se conta de que perdera todas as chances de conseguir um ingresso sem intermediação de cambistas. Desanimado, sentou-se na calçada, quase chorando. Ouviu a conversa dos dois rapazes que encontrara no vestibular. Ouviu dizerem novamente seus nomes: Aristóteles, o magricela tagarela, e Rômulo, o “Onça-Preta”. Edgar preferiu ocultar o fato de ter visto, ou pensado ter visto, Rômulo trajando uma armadura peitoral, escudo e espada. Surpreendeu-se com a estrela de 5 pontas que ornava o peitoral. Depois achou que era pura imaginação, pois na verdade Rômulo usava um cordão com uma pequena medalha com um pentagrama.

Rômulo ainda se recuperava do enorme susto. Dizia não saber o motivo de ter saído feito louco daquela maneira. Poderia ter morrido. Ainda bem que conseguiu tirar o dele e o daquele casal da reta. Sua pele castanha estava esbranquiçada pelo medo. Quase desmaiou, mas logo se recuperou. Dirigiu-se espontaneamente a Edgar enquanto Aristóteles olhava ao redor à procura de alguma coisa.

- Caramba – disse ele, tentando puxar assunto – esse deve ser um dia daqueles. O Rio de Janeiro está cada vez mais violento, não acha?

Edgar levanta os olhos lacrimejantes e nota a falta de cor em Rômulo. Ari estava indo em direção a um telefone público enquanto olhava o relógio e balançava a cabeça contrariado.

- Oi... você vai ao show do Legião, né?

- Vamos, não é?

- Não, eu já vi que não vai dar para eu ir. Esgotaram-se os ingressos e não tenho grana pra pagar o valor do cambista.

- Pô... aí fica difícil. Mas vão haver outros shows e...

- Mas que sacanagem, #+*%#!!!! Isso não se faz! Mas que garota filha da *#@*#!!!

Rômulo, já tendo recobrado a calma, sorri e pergunta o que houve. Aristóteles incomumente vermelho para sua brancura cadavérica conta que sua acompanhante dissera que não iria mais, pois estava cansada e coisas do tipo. Como ele a pressionara, ela contou a verdade: iria sair com outro rapaz.

Edgar perguntou:

- Por acaso esse cara tem carro?

- Tem, por que?

Edgar e Rômulo se entreolham e falam em uníssono:

- EU SABIA!

- Olha, quer saber de uma coisa, eu vou assistir o show assim mesmo. Nenhuma patricinha metida a besta vale o que esses caras valem.

- Ô Ari – interrompe Rômulo – o Edgar está sem ingresso. Por que você não vende o que sobrou pra ele? Deixa essa mulher pra lá. Tem umas 50 mil só aqui, muita gatinha. Olha lá, aquela ali já me deu mole. Tá pra mim...

- Taí, sortudo. Se deu bem, hein! Você tem razão, cara, afinal de contas ela é meio escrota. Fica usando tudo quanto é roupa de grife que aparece por aí como se isso fosse mostrar que ela é melhor que alguém. Ah, e ela também tem pouca bunda, he, he, he. Bom, eu vou entrar, pois já estão abrindo os portões.

- É vamos nessa.

Nada poderia ter deixado Edgar mais feliz. Depois de passar no vestibular, mesmo com ajuda de uma alma de outro mundo, e depois de conseguir do nada um ingresso já esgotado, começou a achar que sua vida iria mudar a partir dali. E, caramba, como iria mudar...

No próximo capítulo, o encontro com Renato Russo e a Legião Urbana (aproveite para conhecer o site "O Sopro do Dragão", do fã-clube da Legião), além de outros fenômenos que só poderíamos classificar como algo "INSÓLITO". Não perca!

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