Copyright © Andréa Bianchi

 

Às vezes uma alma estrangeira me invade e fico pensando que poderia ser um poeta, um artista, um romântico, alguém que nasceu lá pelo mundo chamado velho.

Sinto-me estranhamente semelhante àqueles que nunca vi, com quem nunca falei, que nem sei se realmente existiram, uma vez que o tempo real é o tempo presente e o espaço, tudo mais, ilusão....

Se fosse uma época ficaria entre o romantismo exagerado daqueles que morreram de amor e a revolução moderna que protestou contra todas as formas clássicas.

Estaria sempre entre o clássico e o moderno, porque nunca entendi bem os extremos.

Se fosse um quadro seria talvez um Gauguin, daquele pintado no fim da vida, cheio de amor a arte, já um tanto imaginário, fruto de uma visão prejudicada e das mãos doentes do artista.

Se fosse uma escultura, seria assim sem muita forma, algumas curvas que levariam a idéia de que precisa do complemento do olhar do crítico. Uma peça nunca será completa sem que alguém a perceba.

Se fosse uma fotografia, estaria o olhar pousado em algum lugar além de mim, porque a verdadeira foto demim jamais foi feita.

Se fosse uma poesia estaria descrita em algumas linhas tortas que nunca rimaram, porque sinto a poesia rimando com o nosso bom gosto, sem estética. Tudo muito certinho parece irreal, falso. Gosto de mentir que sou sempre verdade. 

Se fosse um dia qualquer seria um dia de sol. Os dias de chuva me deprimem um pouco. Gosto do gosto da alegria.

Se fosse alguém seria eu mesma. Nasceria no mesmo dia, na mesma hora, com o mesmo céu. Foi a escolha que fiz.


ASTRO-SÍNTESE
Escola Astroletiva
Rio Constelar
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Editor: Carlos Hollanda
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