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(inauguração desta seção)
Comentário
inicial:
Tudo é como tem que ser (?) |
Afinal de contas, o que
você acha: somos sujeitos a um destino inexorável
ou temos algum grau de arbítrio em nossas vidas? Esta
é a pergunta que alguns dos astrólogos que subiram
em nosso Zigurate imaginário vêm tentando responder.
Sou da mesma opinião de Carlos Maltz, expressa no texto
abaixo, sobre quanto mais desenvolvida é nossa consciência,
mais cientes de nosso destino estamos. Ao que tudo indica, nosso
arbítrio está em aceitar ou não o fato
de termos um modelo ideal, divino, talvez, inconsciente, é
provável, mas um modelo ideal com o qual ou nos identificamos
ou lutamos contra. Entretanto, vale lembrar que podemos escolher
de que modo vamos cumprir esse destino. Nem sempre justificar
uma tentativa de fuga às responsabilidades com a idéia
de karma procede (ah, sou assim ou estou assim porque é
meu karma...). Muitas vezes só se está contribuindo
para que se chegue ao final do caminho do destino da pior maneira
possível. Se vamos chegar lá de qualquer jeito,
como aponta Antonio Carlos Harres, não seria melhor tentar
chegar lá de um modo um pouquinho mais agradável?
Confiram as belas mensagens desses excelentes pensadores dos
símbolos.
Tema principal:
Os astros inclinam mas não obrigam?
Antonio Carlos Harres
escreveu:
Com relação ao problema do destino
e livre-arbítrio na astrologia, cometi o texto abaixo,
acho que vale reproduzir, mas a intenção não
é a polemica... aliás, Marte e Urano em Peixes
estão trazendo algum progresso na questão palestina,
Belém está sendo desocupada, pelo menos parece
confirmar a importancia daquele local para os primórdios
do cristianismo, conforme Marte e Urano em Peixes.
Devemos aos gregos a versão das astrologias sino-mesopotâmica-hindu-sideral
ego excêntrica do destino para a do livre arbítrio
tropical egocêntrica e à Igreja católica
o condicionamento ao compulsivo medo da existência da
fatalidade. Por isso soa como música aos ouvidos do ocidental
a afirmação que os astros inclinam mas não
obrigam. De fato, a conciência, na plenitude de sua unidade,
o self ou o si mesmo, transcendendo a manifestação,
acham-se livres da relatividade da correspondência aos
movimentos dos astros que outra coisa não revelam do
que todo o acontecer universal acha-se pautado pelos mesmos
ritmos, quer refletidos em combinações de posições
astrologicas, búzios, lâminas de Tarô ou
varetas do I Ching.
Será que foi isso que Jung quis dizer com sincronicidade?
Imagino sempre o céu como um grande cesto e os planetas
espalhados na carta celeste como búzios jogados por invisíveis
e colossais mãos de do grande babalaorixá da vontade
universal. Sou um astrólogo primitivo,
astrólatra, astromante (de “manteia”, de
deixar-se possuir pela loucura divina ). Assim como os deuses
gregos não ouso negar o destino. Se Cronos, mesmo devorando
seus filhos não conseguiu evitar o que o oráculo
havia lhe profetizado como destino, eu aceito a lição
e sigo o meu.
Carlos Maltz escreveu:
Loucura divina?
O que é isso?
Seria o caos?
M as o kaos é a ORDEM suprema
Loucura é coisa do homem
Deus não tem nada a ver com isso
Antonio Carlos Harres escreveu:
A loucura divina é mantea, de onde vem a palavra mania
e mancia, de cartomancia, astromancia, quiromancia... de alguma
forma para os gregos as manias assim como as mancias eram originadas
do “demônio” (daimon) ou gênio particular
de cada um - uma espécie de anjo da guarda na versão
cristã, orixá na africana ou animal de poder na
xamanística, para citar algumas. Poderia ser também
comparada à mediunidade dos espíritas. Provavelmente
a referência bíblica à confusão de
línguas na torre de Babel, ou da Babilônia - ou
seja no Zigurat - seria uma referência a que os sacerdotes
astrólogos faziam suas profecias possuídos pelas
divindades planetárias. Adotei o astromante em oposição
a astrólogo porque neste último qualquer curioso
pode se transformar, pois só precisa ser competente no
logos, no discurso, já o outro precisa amor às
estrelas. Einstein fez mais pela ressucitação
da mancia dos astros do que qualquer um de nós quando
reimplantou o falo de Urano no céu reunificando espaço
e tempo.
Desde criança fui encafifado com religião. Aos
12 já tinha lido toda a Biblia em minhas intermináveis
horas de acamado por problemas respiratórios. Aos 13
fui sineiro de catedral e aos 14 fui despedido do cargo e me
tornei ateu pois não queria me ajoelhar na hora que a
sinetinha mandava. Aos 22, estudando os astros, entendi que
não passava de uma reencarnação renitente
da Era de Touro, que teima em ser panteísta e astrólatra
num mundo Aries - Peixes monoteísta e reverente. O interessante
é que com a chegada de Touro na casa IV da Era de Aquário
estas fundações panteístas da religiosidade
estão sendo relembradas, há menos de 12 anos se
restauraram os velhos ritos druidas de celebração
de chegada do verão do Hemisfério Norte. Acho
que o panteísmo da Era de Touro será uma das bases
de sustentação para a religiosidade humana no
futuro.
Carlos Maltz escreveu:
Assim como os deuses gregos não ouso negar o destino.
Se Cronos, mesmo devorando seus filhos não conseguiu
evitar o que o oráculo havia lhe profetizado como destino,
eu aceito a lição e sigo o meu.
Bola, que belo assunto! Esse negócio de devorar os filhos
é que nem o cara ficar se escondendo de trânsito...
hum... essa foi no baço ( orgão regido por Saturno...)!
Vejo que tem o destino e o "pré-destino".
Destino é a colheita do que a gente planta. Pré
destino também, só que já é conta
(ou crédito ) antigo...
Antonio Carlos Harres escreveu:
Os hindus concordam com você, só que dividem o
karma ou destino em três. Em cada existência você
pega um prato de sopa do grande caldeirão do karma. O
fato de ter nascido com trígonos quer dizer apenas que
você pegou aquela parte da sopa com pedações
de abóboras bem cozidas que se desmancham na boca, não
precisa nem mastigar. Mas isso não quer dizer que na
próxima você não irá pegar um osso.
Há também o destino familiar-tribal-nacional e
você não foi parar em cima de um zodíaco
soterrado num antigo templo em Israel? Sem falar ainda no destino
da humanidade como cardume...
(...) na minha maneira de ver, o livre-arbítrio
é proporcional ao nível de consciência...
quanto mais evoluido o espírito, menos livre-arbítrio
e mais obediência. Eu de minha parte, se pudesse escolher,
não queria ter livre-arbítrio nenhum. Deus dizia:
pula! e eu perguntava: que altura? Mas inda tô longe
disso. Inda sô um egossauro rex cheio de achá
coisa e tal. Mas vamos indo irmão (...) - s c.maltz.
Concordo, o livre-arbítrio permite apenas que você
escolha o meio de transporte. A “Via Dutra” do destino
é uma só, mas dá para ir a pé, de
bicicleta, de ônibus - até de avião há
uma “Via Dutra” celeste. Aliás o avião
só voa e nos permite encurtar o espaço-tempo porque
é
absolutamente obediente às leis que regem a física
do vôo. Ou seja: só consegue transgredir quem é
obediente a leis cada vez maiores. A mão dupla é
outra sutileza do livre-arbítrio: você pode se
afastar ou voltar à origem. Pode até transitar
na contramão, se matar, levar multas, e provocar acidentes,
mas a “Via Dutra” continua lá, impávida.
Tem também a possibilidade de você ir de passageiro
ou assumir a direção de seu próprio veículo,
mas no fim da linha não tem jeito, desce motorista e
passageiro. Quando perguntaram a Josu, um mestre Zen, enquanto
capinava em sua horta, onde estava O Grande Caminho, ele respondeu:
" Do outro lado da cerca". Aí o discípulo
teimoso insistiu dizendo que não era daquele caminho
que ele estava falando, queria saber onde levava O Grande Caminho.
Josu respondeu: o grande caminho leva até a capital...
Noutra vez lhe perguntaram qual a natureza de Buda e ele respondeu:
“Já tomou o seu chá?” Depois do discípulo
dizer que sim, acrescentou: "Então vá lavar
as xícaras". Quando a gente conseguir ver que Deus
está tanto no chá quanto na xícara suja,
talvez ele desapareça e com ele todo o dualismo e nos
deixe em paz para sempre.
José Maria Gomes Neto
escreveu:
Jueves, Dia de Júpiter, com a Lua em Sagitário
- um bom dia para refletir sobre essas questões filosóficas,
determinismo, livre-arbítrio, se temos ou não
temos escolhas, como a Clelia diz. E continuo buscando que a
Astrologia me dê, além de compreensão, alguma
chance de como moldar o futuro.
Tenho percebido que o futuro não é fechado, existem
infinitas possibilidades e caminhos, que convergem para uma
coisa só: o destino! Pois vejo que o destino não
é aonde vamos chegar, mas sim onde chegamos a cada instante.
Esse é o meu destino, aqui e agora! Advém daí
que temos escolhas sim, mas antes, pois depois, já não
controlamos sequer o resultado ou consequências de nossos
atos, eles não mais nos pertencem. E isso cabe direitinho
dentro das leis do Karma, ação e reação,
no mais, depende da boa índole das pessoas. É
certo que uma mangueira nunca vai dar jabuticabas, nem o Michel
Jackson geneticamente será branco, ou Roberta Close se
tornará mulher - devemos portanto buscar reconhecer as
limitações, que dentro da ignorância de
nossas potencialidades individuais continuam a ser inacessíveis,
e às vezes se traduzem numa espécie de falsa humildade
de nos prostrarmos diante do determinismo, aceitando como desígnio
de nossa condição uma bela justificativa para
os próprios erros, enquanto como Astrólogos que
somos, estamos mergulhamos no prepotência milenar de saber
sobre o futuro alheio.
Até que ponto a falsa humildade de aceitar não
ter escolhas mascara a prepotência de saber sobre o futuro
do outro, na cegueira de saber quem somos, e conseqüentemente
sobre o próprio futuro? Ou por outro lado, até
que ponto pode parecer prepotência moldar o futuro, se
na semente, já está contida em essência,
a árvore inteira? Meus instrutores ensinaram-me desse
jeito - "os astros inclinam, mas não determinam"
- "o sábio rege sua estrela, mas o ignorante é
regido por ela"- "tudo que nos ocorre está
escrito, mas nem tudo que está escrito tem necessariamente
que ocorrer "(pelo menos da forma que o imaginamos).
Se o futuro é fechado, dele não podemos escapar,
quando na verdade é o futuro que nos escapa, pois se
torna presente quando há chegado.
O trânsito da Lua, hoje crescente para cheia, pelo domicílio
de Júpiter, Sagitário, sinaliza expansão,
crescimento da principais linhas de ações iniciadas
na Lua Nova. Abre perspectivas de ampliação de
consciência, e de conquista de novos horizontes, de novas
visões acerca do futuro. O aumento da autoconfiança
facilita a confiança mútua, e a motivação
para ir na direção de alcançar o que se
acredita ser capaz. O futuro me precisa ser irresistível
para que eu não me furte de desfrutá-lo. E eu
ainda prefiro acreditar que o futuro é aberto, mesmo
que nos tentem fechá-lo. Nas efemérides de amanhã,
a Lua reforçará o trígono de Júpiter
em Leão ao fazer conjunção exata com Plutão
em Sagitário. Deve-se estar atento para evitar os excessos,
um exagero na autoconfiança exacerba o ego e pode transbordar
arrogância ou prepotência. Precisamos ter cuidado
para não ficarmos excessivamente isolados dentro da própria
verdade.
Antonio Carlos Harres escreveu:
Lamento informar que, aos 53 anos de idade, olhando para trás,
concluo que TODAS as decisões das quais estava absolutamente
convicto estar tomando exercendo a plenitude de meu livre-arbítrio
e todo meu razoável conhecimento de astrologia apenas
como um instrumento de auxílio à minha tomada
de decisão, exatamente dentro do paradigma de que somente
o tolo se deixa guiar pelos astros e o sábio as comanda,
verifiquei depois que o tolo era eu, achando que está
comandando algo que nem as divindades gregas ousavam contrariar,
conforme já disse noutro e-mail. A decisão de
mudar do Rio de Janeiro para Petrópolis foi uma delas.
Depois de ter meus dois filhos mais velhos assaltados na Lagoa
- um deles agredido fisicamente para lhe roubarem a bicicleta
que havia comprado poupando suas mesadas - estudei detalhadamente
o mapa do RJ e conclui, 11 anos atrás que a violência
só iria aumentar. Vendo Júpiter em Leão
na casa III do mapa do RJ achei que numa cidade vizinha teria
melhor qualidade de vida e conclui que por sua característica
de cidade ligada ao Império, Petrópolis seria
a melhor opção. Dito e feito, para cá mudamos
pensando eu que estava dando um passo usando à máxima
extensão meu poder de escolha, quando dois anos depois
de estar aqui me deparo com uma matéria no jornal local,
listando as famílias alemãs trazidas por D. Pedro
II para construir a cidade, com o nome de Nicolau Harres, razão
pela qual dizia o artigo, meu sobrenome, junto de uma outra
centena de imigrantes, acha-se gravado no obelisco que domina
o coração da cidade. Fui lá para ver para
crer (sou portador de Saturno em Virgem), o “Harres”
gravado na pedra. Depois descobri que Nicolau Harres era Luterano
( o que explica para mim os secretos, fascinados e culpados
sentimentos que alimentava quando criança quando passava
junto ao templo protestante de São Leopoldo, sendo arrastado
para a missa dominical por minha mâe ) faleceu logo depois
de aqui chegar. Sua viúva vendeu as terras que tinham
ganho do Imperador e foi para o sul ao encontro do outro ramo
da família da qual sou descendente. Ou seja, sou o primeiro
Harres a voltar a Petrópolis desde 1845! Olhando meu
mapa natal está tudo lá escrito: Urano regente
da IV na VIII em Cancer, rupturas com o lugar de nascimento
que me levam de volta ao lugar de nascimento. E toda vez que
transito no centro de Petrópolis não deixo de
olhar - qual embasbacado astronauta do filme 2001 - para o obelisco
e lembrar que foi meu filho, Vinícius que tem Capricórnio
na casa IV e nela a Lua, quem primeiro instintivamente descobriu
nossas origens ao insistir que o levássemos para comer
salsichão na festa anual que comemora todo ano a chegada
dos imigrantes alemães em Petrópolis.
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