Conexão Zigurat
Perguntas e Respostas
Astrologia no Banco dos Réus
6 de março de 2004, 12:00h. - Lançamento da Rio Constelar - Escola de Astrologia, com música ao vivo, almoço e workshop. Veja como fazer a inscrição, informe-se sobre o local, veja dicas para chegar lá e conheça a programação de março clicando na logomarca ao lado.
ZIGURATE - Monumento em forma de pirâmide escalonada, característico da arquitetura religiosa mesopotâmica, com acesso por rampas e escadarias ao topo, onde se erigia um santuário, também usado para a salvaguarda das provisões de cereais e para observação dos astros. A palavra tem raiz etimológica no assírio "zigguratu", que quer dizer "cume", "montanha". (fonte: Dicionário Houaiss).

O trabalho de observação dos astros e as correlações entre suas posições e eventos mundanos tem origem, confirmada por estudos arqueológicos e históricos, na civilização mesopotâmica, cerca de 6 mil anos atrás (é possível que até milhares de anos antes, segundo descobertas mais recentes de zodíacos antiqüíssimos). Aqui realizamos um trabalho semelhante, catalogando, interpretando, discutindo e disponibilizando tais análises ao público. Conexão Zigurat é uma espécie de garimpo dos melhores e-mails trocados entre astrólogos profissionais a respeito de astrologia mundana, mundial, política ou simplesmente, astrologia para a coletividade. A maior parte do material provém do grupo de discussão Zigurat, de onde se originou o nome desta seção. O grupo é moderado pelo astrólogo Antonio Carlos (Bola) Harres e conta com a participação de excelentes pesquisadores.  

Composição artística com foto do Zigurate de Ur
Período: Julho/2003
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Textos anteriores:

Maio/Junho/Julho-2003 (ler textos atualmente apresentados)
Abril -2003
Março -2003
Fevereiro-2003

Dezembro-2002/Janeiro-2003
(inauguração desta seção)

Comentário inicial:
Tudo é como tem que ser (?)

Afinal de contas, o que você acha: somos sujeitos a um destino inexorável ou temos algum grau de arbítrio em nossas vidas? Esta é a pergunta que alguns dos astrólogos que subiram em nosso Zigurate imaginário vêm tentando responder. Sou da mesma opinião de Carlos Maltz, expressa no texto abaixo, sobre quanto mais desenvolvida é nossa consciência, mais cientes de nosso destino estamos. Ao que tudo indica, nosso arbítrio está em aceitar ou não o fato de termos um modelo ideal, divino, talvez, inconsciente, é provável, mas um modelo ideal com o qual ou nos identificamos ou lutamos contra. Entretanto, vale lembrar que podemos escolher de que modo vamos cumprir esse destino. Nem sempre justificar uma tentativa de fuga às responsabilidades com a idéia de karma procede (ah, sou assim ou estou assim porque é meu karma...). Muitas vezes só se está contribuindo para que se chegue ao final do caminho do destino da pior maneira possível. Se vamos chegar lá de qualquer jeito, como aponta Antonio Carlos Harres, não seria melhor tentar chegar lá de um modo um pouquinho mais agradável? Confiram as belas mensagens desses excelentes pensadores dos símbolos.

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Carlos Hollanda

Julho de 2003

Tema principal:
Os astros inclinam mas não obrigam?

Antonio Carlos Harres escreveu:

Com relação ao problema do destino e livre-arbítrio na astrologia, cometi o texto abaixo, acho que vale reproduzir, mas a intenção não é a polemica... aliás, Marte e Urano em Peixes estão trazendo algum progresso na questão palestina, Belém está sendo desocupada, pelo menos parece confirmar a importancia daquele local para os primórdios do cristianismo, conforme Marte e Urano em Peixes.
Devemos aos gregos a versão das astrologias sino-mesopotâmica-hindu-sideral ego excêntrica do destino para a do livre arbítrio tropical egocêntrica e à Igreja católica o condicionamento ao compulsivo medo da existência da fatalidade. Por isso soa como música aos ouvidos do ocidental a afirmação que os astros inclinam mas não obrigam. De fato, a conciência, na plenitude de sua unidade, o self ou o si mesmo, transcendendo a manifestação, acham-se livres da relatividade da correspondência aos movimentos dos astros que outra coisa não revelam do que todo o acontecer universal acha-se pautado pelos mesmos ritmos, quer refletidos em combinações de posições astrologicas, búzios, lâminas de Tarô ou varetas do I Ching.

Será que foi isso que Jung quis dizer com sincronicidade? Imagino sempre o céu como um grande cesto e os planetas espalhados na carta celeste como búzios jogados por invisíveis e colossais mãos de do grande babalaorixá da vontade universal. Sou um astrólogo primitivo,
astrólatra, astromante (de “manteia”, de deixar-se possuir pela loucura divina ). Assim como os deuses gregos não ouso negar o destino. Se Cronos, mesmo devorando seus filhos não conseguiu evitar o que o oráculo havia lhe profetizado como destino, eu aceito a lição e sigo o meu.

Carlos Maltz escreveu:

Loucura divina?
O que é isso?
Seria o caos?
M as o kaos é a ORDEM suprema
Loucura é coisa do homem
Deus não tem nada a ver com isso

Antonio Carlos Harres escreveu:

A loucura divina é mantea, de onde vem a palavra mania e mancia, de cartomancia, astromancia, quiromancia... de alguma forma para os gregos as manias assim como as mancias eram originadas do “demônio” (daimon) ou gênio particular de cada um - uma espécie de anjo da guarda na versão cristã, orixá na africana ou animal de poder na xamanística, para citar algumas. Poderia ser também comparada à mediunidade dos espíritas. Provavelmente a referência bíblica à confusão de línguas na torre de Babel, ou da Babilônia - ou seja no Zigurat - seria uma referência a que os sacerdotes astrólogos faziam suas profecias possuídos pelas divindades planetárias. Adotei o astromante em oposição a astrólogo porque neste último qualquer curioso pode se transformar, pois só precisa ser competente no logos, no discurso, já o outro precisa amor às estrelas. Einstein fez mais pela ressucitação da mancia dos astros do que qualquer um de nós quando reimplantou o falo de Urano no céu reunificando espaço e tempo.

Desde criança fui encafifado com religião. Aos 12 já tinha lido toda a Biblia em minhas intermináveis horas de acamado por problemas respiratórios. Aos 13 fui sineiro de catedral e aos 14 fui despedido do cargo e me tornei ateu pois não queria me ajoelhar na hora que a sinetinha mandava. Aos 22, estudando os astros, entendi que não passava de uma reencarnação renitente da Era de Touro, que teima em ser panteísta e astrólatra num mundo Aries - Peixes monoteísta e reverente. O interessante é que com a chegada de Touro na casa IV da Era de Aquário estas fundações panteístas da religiosidade estão sendo relembradas, há menos de 12 anos se restauraram os velhos ritos druidas de celebração de chegada do verão do Hemisfério Norte. Acho que o panteísmo da Era de Touro será uma das bases de sustentação para a religiosidade humana no futuro.

Carlos Maltz escreveu:

Assim como os deuses gregos não ouso negar o destino. Se Cronos, mesmo devorando seus filhos não conseguiu evitar o que o oráculo havia lhe profetizado como destino, eu aceito a lição e sigo o meu.

Bola, que belo assunto! Esse negócio de devorar os filhos é que nem o cara ficar se escondendo de trânsito... hum... essa foi no baço ( orgão regido por Saturno...)!

Vejo que tem o destino e o "pré-destino". Destino é a colheita do que a gente planta. Pré destino também, só que já é conta (ou crédito ) antigo...

Antonio Carlos Harres escreveu:

Os hindus concordam com você, só que dividem o karma ou destino em três. Em cada existência você pega um prato de sopa do grande caldeirão do karma. O fato de ter nascido com trígonos quer dizer apenas que você pegou aquela parte da sopa com pedações de abóboras bem cozidas que se desmancham na boca, não precisa nem mastigar. Mas isso não quer dizer que na próxima você não irá pegar um osso. Há também o destino familiar-tribal-nacional e você não foi parar em cima de um zodíaco soterrado num antigo templo em Israel? Sem falar ainda no destino da humanidade como cardume...

(...) na minha maneira de ver, o livre-arbítrio é proporcional ao nível de consciência... quanto mais evoluido o espírito, menos livre-arbítrio e mais obediência. Eu de minha parte, se pudesse escolher, não queria ter livre-arbítrio nenhum. Deus dizia: pula! e eu perguntava: que altura? Mas inda tô longe disso. Inda sô um egossauro rex cheio de achá coisa e tal. Mas vamos indo irmão (...) - s c.maltz.

Concordo, o livre-arbítrio permite apenas que você escolha o meio de transporte. A “Via Dutra” do destino é uma só, mas dá para ir a pé, de bicicleta, de ônibus - até de avião há uma “Via Dutra” celeste. Aliás o avião só voa e nos permite encurtar o espaço-tempo porque é
absolutamente obediente às leis que regem a física do vôo. Ou seja: só consegue transgredir quem é obediente a leis cada vez maiores. A mão dupla é outra sutileza do livre-arbítrio: você pode se afastar ou voltar à origem. Pode até transitar na contramão, se matar, levar multas, e provocar acidentes, mas a “Via Dutra” continua lá, impávida. Tem também a possibilidade de você ir de passageiro ou assumir a direção de seu próprio veículo, mas no fim da linha não tem jeito, desce motorista e passageiro. Quando perguntaram a Josu, um mestre Zen, enquanto capinava em sua horta, onde estava O Grande Caminho, ele respondeu: " Do outro lado da cerca". Aí o discípulo teimoso insistiu dizendo que não era daquele caminho que ele estava falando, queria saber onde levava O Grande Caminho. Josu respondeu: o grande caminho leva até a capital... Noutra vez lhe perguntaram qual a natureza de Buda e ele respondeu: “Já tomou o seu chá?” Depois do discípulo dizer que sim, acrescentou: "Então vá lavar as xícaras". Quando a gente conseguir ver que Deus está tanto no chá quanto na xícara suja, talvez ele desapareça e com ele todo o dualismo e nos deixe em paz para sempre.

José Maria Gomes Neto escreveu:

Jueves, Dia de Júpiter, com a Lua em Sagitário - um bom dia para refletir sobre essas questões filosóficas, determinismo, livre-arbítrio, se temos ou não temos escolhas, como a Clelia diz. E continuo buscando que a Astrologia me dê, além de compreensão, alguma chance de como moldar o futuro.

Tenho percebido que o futuro não é fechado, existem infinitas possibilidades e caminhos, que convergem para uma coisa só: o destino! Pois vejo que o destino não é aonde vamos chegar, mas sim onde chegamos a cada instante. Esse é o meu destino, aqui e agora! Advém daí que temos escolhas sim, mas antes, pois depois, já não controlamos sequer o resultado ou consequências de nossos atos, eles não mais nos pertencem. E isso cabe direitinho dentro das leis do Karma, ação e reação, no mais, depende da boa índole das pessoas. É certo que uma mangueira nunca vai dar jabuticabas, nem o Michel Jackson geneticamente será branco, ou Roberta Close se tornará mulher - devemos portanto buscar reconhecer as limitações, que dentro da ignorância de nossas potencialidades individuais continuam a ser inacessíveis, e às vezes se traduzem numa espécie de falsa humildade de nos prostrarmos diante do determinismo, aceitando como desígnio de nossa condição uma bela justificativa para os próprios erros, enquanto como Astrólogos que somos, estamos mergulhamos no prepotência milenar de saber sobre o futuro alheio.

Até que ponto a falsa humildade de aceitar não ter escolhas mascara a prepotência de saber sobre o futuro do outro, na cegueira de saber quem somos, e conseqüentemente sobre o próprio futuro? Ou por outro lado, até que ponto pode parecer prepotência moldar o futuro, se na semente, já está contida em essência, a árvore inteira? Meus instrutores ensinaram-me desse jeito - "os astros inclinam, mas não determinam" - "o sábio rege sua estrela, mas o ignorante é regido por ela"- "tudo que nos ocorre está escrito, mas nem tudo que está escrito tem necessariamente que ocorrer "(pelo menos da forma que o imaginamos).

Se o futuro é fechado, dele não podemos escapar, quando na verdade é o futuro que nos escapa, pois se torna presente quando há chegado.

O trânsito da Lua, hoje crescente para cheia, pelo domicílio de Júpiter, Sagitário, sinaliza expansão, crescimento da principais linhas de ações iniciadas na Lua Nova. Abre perspectivas de ampliação de consciência, e de conquista de novos horizontes, de novas visões acerca do futuro. O aumento da autoconfiança facilita a confiança mútua, e a motivação para ir na direção de alcançar o que se acredita ser capaz. O futuro me precisa ser irresistível para que eu não me furte de desfrutá-lo. E eu ainda prefiro acreditar que o futuro é aberto, mesmo que nos tentem fechá-lo. Nas efemérides de amanhã, a Lua reforçará o trígono de Júpiter em Leão ao fazer conjunção exata com Plutão em Sagitário. Deve-se estar atento para evitar os excessos, um exagero na autoconfiança exacerba o ego e pode transbordar arrogância ou prepotência. Precisamos ter cuidado para não ficarmos excessivamente isolados dentro da própria verdade.

Antonio Carlos Harres escreveu:

Lamento informar que, aos 53 anos de idade, olhando para trás, concluo que TODAS as decisões das quais estava absolutamente convicto estar tomando exercendo a plenitude de meu livre-arbítrio e todo meu razoável conhecimento de astrologia apenas como um instrumento de auxílio à minha tomada de decisão, exatamente dentro do paradigma de que somente o tolo se deixa guiar pelos astros e o sábio as comanda, verifiquei depois que o tolo era eu, achando que está comandando algo que nem as divindades gregas ousavam contrariar, conforme já disse noutro e-mail. A decisão de mudar do Rio de Janeiro para Petrópolis foi uma delas. Depois de ter meus dois filhos mais velhos assaltados na Lagoa - um deles agredido fisicamente para lhe roubarem a bicicleta que havia comprado poupando suas mesadas - estudei detalhadamente o mapa do RJ e conclui, 11 anos atrás que a violência só iria aumentar. Vendo Júpiter em Leão na casa III do mapa do RJ achei que numa cidade vizinha teria melhor qualidade de vida e conclui que por sua característica de cidade ligada ao Império, Petrópolis seria a melhor opção. Dito e feito, para cá mudamos pensando eu que estava dando um passo usando à máxima extensão meu poder de escolha, quando dois anos depois de estar aqui me deparo com uma matéria no jornal local, listando as famílias alemãs trazidas por D. Pedro II para construir a cidade, com o nome de Nicolau Harres, razão pela qual dizia o artigo, meu sobrenome, junto de uma outra centena de imigrantes, acha-se gravado no obelisco que domina o coração da cidade. Fui lá para ver para crer (sou portador de Saturno em Virgem), o “Harres” gravado na pedra. Depois descobri que Nicolau Harres era Luterano ( o que explica para mim os secretos, fascinados e culpados sentimentos que alimentava quando criança quando passava junto ao templo protestante de São Leopoldo, sendo arrastado para a missa dominical por minha mâe ) faleceu logo depois de aqui chegar. Sua viúva vendeu as terras que tinham ganho do Imperador e foi para o sul ao encontro do outro ramo da família da qual sou descendente. Ou seja, sou o primeiro Harres a voltar a Petrópolis desde 1845! Olhando meu mapa natal está tudo lá escrito: Urano regente da IV na VIII em Cancer, rupturas com o lugar de nascimento que me levam de volta ao lugar de nascimento. E toda vez que transito no centro de Petrópolis não deixo de olhar - qual embasbacado astronauta do filme 2001 - para o obelisco e lembrar que foi meu filho, Vinícius que tem Capricórnio na casa IV e nela a Lua, quem primeiro instintivamente descobriu nossas origens ao insistir que o levássemos para comer salsichão na festa anual que comemora todo ano a chegada dos imigrantes alemães em Petrópolis.

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