TEXTO ENVIADO POR: TANNIAH
Numa revolução
com um (ou mais planetas) na 12ª casa, eu poderia dizer que
quando o sol [em
trânsito] alcançasse
esses planetas haveria uma tomada de consciência da atuação
deles? [Tanniah refere-se
à atuação daqueles planetas naquela revolução
solar, isto é, naquele perído relativo a um ano
a contar do retorno do Sol ao mesmo ponto em que estava no momento
do nascimento]. E que, quando
o Ascendente os alcançasse [numa
técnica da revolução solar em que se traça
o passo diário do Ascendente como indicador de experiências
ao longo do ano], haveria
uma atuação pessoal com nuance daqueles planetas
numa 12ª casa ou que pode ocorrer um impedimento físico?
TEXTO
ENVIADO POR: HAROLDO
Também
gostaria de entender melhor isso [o
que Tanniah escreveu acima].
Porque o Sol atravessará a doze e os planetas
por lá, assim como o Ascendente da revolução
solar (pelo arco diário). Que tipo de experiências
e/ou enventos podem ser esperados?
TEXTO
ENVIADO POR: MARYLEIA
Permitam que
eu dê também a minha opinião. Acredito que
sendo a casa 12, uma casa ligada ao inconsciente e à espiritualidade,
tudo depende de como estão sendo vivenciados estes assuntos
da 12. Há busca de auto-conhecer-se através de terapias
ou de um caminho espiritual? [embora,
deve-se acrescentar, nem sempre uma experiência de casa
12 precisa coincidir com terapias ou buscas de caminhos espirituais
- em geral isso ocorre como conseqüência das experiências
típicas do setor] É um reino de Netuno
onde tanto pode reinar a confusão, depressão, ilusões,
como a inspiração criativa, compaixão ou
a sensação de união com a Vida. Acredito
que o Sol ao iluminar os planetas deverá trazer uma consciencia
de como a energia deles estão sendo expressas, ativando-as,
para que possam ser percebidas e transmutadas , se necessário.
TEXTO
ENVIADO POR: HAROLDO
Deve ser por
causa disso que ela se parece com o que chamam de "inferno
astral". Mas isso é relativo, porque posso estar vivendo
esse inferno em plena casa 7. [concluindo
o que Haroldo iria dizer, vai depender da configuração
do mapa que estivermos analisando].
Reparem que muita gente não se toca de
uma coisa a respeito da casa 12: ela é justamente aquilo
que ocorre às costas do Ascendente, isto é, à
revelia de nossa visão direta, quero dizer, de nossa percepção
com os olhos, que, por sua vez, ficam na frente da cabeça
(cabeça/rosto = Ascendente...). A casa 12 é a casa
de tudo o que ocorre à nossa revelia, de tudo o que não
podemos controlar porque não podemos estar cientes. E não
importa o quanto façamos terapias, não importa o
quanto estudemos o que chamamos de inconsciente, aquilo que a
casa 12 representa se parece muito com o que Carlos Castañeda,
em seus livros sobre o xamã Don Juan, chama de "Nagual"
(a pronúncia, me disseram anos atrás, é "naual",
ou mais ou menos "nawal"). Tudo o que pudermos denominar
para definir o que seria o "Nagual", na verdade é
aquilo que ele não é. O "Nagual" é
algo que não podemos definir, muito embora possamos perceber
seus efeitos e sentir sua presença. A casa 12 é
mais ou menos assim. Aquilo que acontece sem que possamos interferir,
que está totalmente além de nossa vontade, só
pode ser experienciada por meio da fé, de uma crença
em algo que é indefinível, invisível, quase
imperceptível, mas cujos efeitos são bastante visíveis.
É como o lado escuro da Lua: nunca o vemos, mas ele está
lá.
Respondendo à Tanniah, quando planetas
na 12 da RS são atingidos pelo passo do Sol ou do Ascendente
no arco diário, podemos ter experiências derivadas
daquelas situações que ocorreram à nossa
revelia e que, então, passam a interferir ativamente em
nossas vidas cotidianas e, aí sim, em nosso campo de consciência.
Marte na 12 da RS, por exemplo, quando ativado pelo arco diário
pode coincidir com alguns dias em que os resultados de nossas
ações agressivas dos meses anteriores chegam sem
que saibamos exatamente os motivos de estarmos sendo agredidos,
insultados ou, ainda, de estarmos enfrentando situações
de conflito/combate. A trama (lendo o mapa como se ele fosse um
conto ou um romance de literatura) de todo o período parece
cruzar-se ali na casa 12. É a época de enredo, isto
é, de enredamento, em que nos vemos à mercê
das coisas que foram ocorrendo sem que pudéssemos ter tomado
ciência plena ao longo da fase. Ali elas se manifestam com
a cara dos planetas que ali se encontram.
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Diagrama
extraído de uma das famosas
"Efemérides Rosacruzes", da fraternidade
de Max Heindel. Nota-se a disposição do contorcionista
ao centro, cujas partes do corpo situam-se em pontos referentes
aos signos do zodíaco e às casas a eles análogas.
Os pés, ligados ao signo de Peixes e à casa
12, permanecem logo atrás da cabeça, ao mesmo
tempo simbolizando a totalidade (círculo) análoga
entre o cosmo e o corpo, e demonstrando a relação
entre cada setor do círculo com os demais. Ver, adiante,
o detalhe, com a ampliação do contorcionista. |
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Outra coisa a lembrar sobre a décima
segunda casa: ela, diferentemente da casa 7 ("inimigos declarados",
na terminologia tradicional), é a casa dos "inimigos
ocultos". Mas tem que ser, se soubermos que estamos falando
sobre algo que acontece sem que estejamos cientes ou no controle.
"Tramar" também é sinônimo de "confabular".
Num romance ou mesmo na literatura de história política,
aqueles que tramam contra alguém são exatamente
seus "inimigos ocultos", isto é, aqueles que
procuram atentar contra o indivíduo à sua revelia,
sem que ele possa preparar-se para tanto. Todo ser humano está
sujeito a isso. Todo mundo interfere na realidade de algum modo
e, por isso, provoca reações seguidas de reações
numa escala que lembra reações em cadeia. o retorno
disso tudo está totalmente além de nosso controle
e consciência e algumas coisas que juramos não ter
a menor importância podem retornar na forma de antagonismos
ou de gratidão, dependendo de como nossas ações
repercutiram na cabeça e comportamento das pessoas. É
como dizer o mesmo de uma obra literária: o autor não
tem mais controle sobre sua criação, seus personagens,
sua obra. Ela pode ser interpretada de mil maneiras, inclusive
aquelas que ele nem sequer imaginou embutir em sua trama. Isso
ocorre independentemente da vontade do autor.
Hoje eu faço algo, com uma determinada
intenção que julgo muito benéfica. Amanhã,
vem alguém e, ao ser-me apresentado por um amigo, esse
alguém torce o nariz e se afasta ou me diz alguns impropérios.
É, entre outras coisas, desse tipo de caos de que fala
a casa 12.
Daí muita gente ter atribuído,
conforme lembrou Haroldo, o período imediatamente anterior
ao aniversário ao chamado "Inferno Astral", coisa
sobre a qual teço considerações num artigo
publicado na Revista
Constelar e para o que sempre chamo a atenção
quando dou início a um curso sobre Revolução
Solar. Na verdade, se pensarmos no sentido da casa 12, aquele
período tanto pode ser um "inferno" quanto um
"Paraíso Astral", se me permitem o uso do termo.
Vai depender muito da época, dos atos individuais, do que
esses atos significaram para as sociedades naquele momento histórico
e tudo o mais. Se analisarmos um trânsito ou progressão
em que os indicadores revelem potenciais para favorecimento e
superação de dificuldades, aquele tal período
de "inferno" não se faz sentir desse modo, mas
em experiências um tanto aprazíveis.
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Detalhe
do contorcionista ou acrobata do desenho anterior |
Vale, ainda, acentuar que não é
bem uma questão de "descontrole", mas simplesmente
de algo sobre o que não temos alcance e que acontece independentemente
de estarmos cientes de sua existência (tente olhar para
a parte de trás de sua cabeça sem usar espelhos
- se algo estiver lá e se mantiver sempre a mesma direção,
você não terá a menor idéia do que
é, exceto pelos efeitos que isso pode ter). Mas certamente
podemos administrar esses efeitos ou lidar com eles da melhor
maneira possível. Um deles é conformarmo-nos com
nossas limitações e, quando percebermos que realmente
é impossível exercer nossa vontade, deixar que a
natureza siga seu curso e dite o que iremos viver em seguida.
Pode-se dizer que "tentar não deixar
que as coisas fiquem ocultas" seria uma solução.
Entretanto, isso é uma maneira de resolver apenas parte
da questão. A casa 12 sempre vai representar algo sobre
o que não podemos exercer poder. Como disse, algo sobre
o que não temos alcance. Imagine alguém preso numa
masmorra do século XV. Isso por si só já
é uma experiência típica de isolamento e exclusão
característica das atribuições há
séculos relacionadas àquela casa. Agora imagine
esse alguém imaginando o que tem lá fora, nutrindo
esperanças e fantasias acerca de sua libertação,
de sua fuga. Ao não conseguir fazê-lo concretamente,
o faz na imaginação. O mundo lá fora corre
à revelia dessa pessoa e ele não tem alcance além
de sua cela. De sua limitação extrema, ele cria
realidades fantásticas na mente, sejam elas totalmente
neuróticas e aterrorizantes, sejam paradisíacas.
É claro que estou usando um exemplo grosso modo do que
é uma experiência de casa 12, mas talvez ele sirva
para ilustrar melhor o modo como ela se manifesta.
Um relato muito interessante que ouvi de um
cliente cuja Revolução Solar apontava para várias
relações de casa 12 era a de que ele, que não
havia sido preso nem tampouco sofria injúrias perpetradas
por inimigos ocultos, sentia-se há meses como se estivesse
aprisionado, sem chances de fazer nada para alterar a realidade
em que vivia. Disse que vivia entediado e muito solitário
(eis uma forma subjetiva de sensação de isolamento
e exclusão), apesar da companhia da esposa e dois filhos,
bem como colegas de trabalho que ocasionalmente organizavam saídas
coletivas. Ele afirmava angustiado que não estava conseguindo
identificar-se com nada que havia ao seu redor e que as coisas
que tanto interessavam às outras pessoas pareciam-lhe banais.
Igualmente, não vinha conseguindo muito sucesso em compartilhar
seus interesses com os demais, pois a ele parecia que ninguém
sentia atração pelas coisas que acalentava. Tudo
o que ele queria, na época, era, usando um trecho de uma
música do Blitz que ele mesmo mencionou, "fugir, desaparecer,
escafeder-se", e "não ser controlado por um mundo
tão maior do que ele mesmo que seria impossível
fazer algo para mudar de situação". Eis um
relato que tem elementos suficientes para um estudo das manifestações
da casa 12.
Carlos Hollanda