RIO
CONSTELAR |
SER
PAI, SER AMIGO Cecília Brito |
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Educar uma criança nos dias de hoje não é nada fácil. Alguns pais relatam que na época deles, era só o pai ou a mãe darem àquele "olhar" e ai de quem reclamasse: castigo na certa! Porque será que o tal olhar não funciona mais? O que será que há de diferente entre os pais da geração passada e os de hoje? Muitas coisas se modificaram, dentre elas, a situação econômica e social, que repercutiram na maneira como as famílias passaram a se organizar. Todos, mulher e filhos, tinham como figura central o pai, que deveria ser respeitado como o grande provedor e, sendo assim, ser respeitado como figura onipotente. Pais e filhos não eram amigos. Ser pai era poder exercer o controle sobre a vida de outro, que não tem o direito a ter direito. Amigo era alguém muito íntimo e pai era alguém distante. A busca de qualquer ser humano é tentar alcançar o equilíbrio; nem tanto ao mar, nem tanto a terra; para tudo é necessário um limite justo e que seja bom para ambas as partes. Não podemos negar que há vantagens e desvantagens na educação anterior às nossas. Havia mais respeito, valorização da moral e dos bons costumes, contudo, o excesso de rigidez levou pais e filhos a tornarem-se quase inimigos. Constantemente as gerações anteriores reclamam da maneira rígida como foram criadas e do desejo de educarem os filhos com maior liberdade e proximidade. Os pais de hoje, em contrapartida, tornaram-se íntimos demais, esquecendo de que uma criança precisa saber qual é o seu lugar no contexto familiar. Esse lugar é construído a partir de limites estabelecidos e também de direitos adquiridos, através do diálogo e de alguns espaços compartilhados. É fundamental que os pais reconheçam que ser pai e mãe é diferente de ser amigo, embora a amizade seja fundamental na relação entre pais e filhos. Ser pai é educar a criança colocando limites, dialogar, ensinar valores e ensinar o que é certo e o que é errado, é servir de exemplo. A criança precisa aprender que há coisas que são permitidas e outras proibidas. A amizade é algo compartilhado com outros sujeitos, embora também seja fundamental no contexto familiar. Os pais devem ser o melhor amigo de seus filhos, mas sabendo que o papel de pai e mãe devem ser bem demarcados, um dos mais importantes no desenvolvimento de uma criança, mas não o único, e que amizade ocupa um outro lugar a ser compartilhado, sim, mas num diferente contexto. Assim como os pais precisam de um espaço só deles, de momentos de troca a dois, as crianças devem ter um mundo que seja delas, sem a interferência dos adultos. Como educar
uma criança Educar uma criança não é como colocar ingredientes da melhor qualidade para que o produto final saia perfeito. A criança se desenvolve a partir das relações estabelecidas no seu meio cultural, sendo ativa no processo de construção do conhecimento. Os pais e educadores devem ser mediadores nesse processo de construção. Não vamos ter a ilusão de que ao criarmos uma criança da melhor forma possível, não haverá erros, pois, ser pai, mãe e educador é um aprendizado que requer paciência, dedicação, cuidados, muito amor, perseverança, disciplina e compreensão. O processo de desenvolvimento envolve um crescimento de mão-dupla; não é só a criança que aprende, nós, adultos, também aprendemos, e muito, quando estabelecemos uma relação dialógica com a criança. Quando uma criança é respeitada em sua singularidade, ela adquire os valores necessários para a construção de uma sociedade mais justa e mais solidária. Um grupo de pais pode ser uma experiência riquíssima, onde há possibilidade de troca de informações e conhecimento. Os pais percebem que não são os únicos que vivem um determinado problema, podendo trocar experiências no próprio grupo e recebendo a orientação de um psicólogo, para que seu filho se desenvolva da melhor forma possível. Cecília Brito - psicóloga e pós-graduada em educação infantil - PUC/Rj - CRP:28283/05 |