RIO
CONSTELAR |
DITADURA: Bárbara Abramo |
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NOTA DA AUTORA: Os dados que se seguem foram obtidos junto a diversas instituicoes que cuidam do assunto. Há material ainda mais completo e especifico em algumas fontes. O presente trabalho serviu como texto de apoio para as comemorações oficiais da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo, por ocasião do “Dia Internacional da Mulher” nos anos 90 do século XX. Dai as citações exclusivas de dados biográficos de mulheres. Barbara Abramo
“Ana Maria foi metralhada e morta na Moóca, 14 de junho de 1972… com ela morreram Marcos Nonato da Fonseca e Iúri Xavier Pereira”. No dia de sua morte, Ana Maria almoçava com Marcos, Iúri e Antônio Carlos Bicalho Lana no Restaurante Varella, propriedade de Manoel Henrique de Oliveira, quando o mesmo reconheceu suas fotos afixadas em cartazes de “Procurados” , feitas na época pelos órgãos de segurança, e telefonou para o DOI/CODI - SP. Agentes do DOI/CODI, certificados da presença daquelas pessoas no restaurante, cercaram-no com contingente policial e fuzilaram Iúri e Marcos Nonato. Ana Maria, ainda viva, gritava de dor quando foi fuzilada e teve seu corpo estraçalhado. A população, aglomerada em volta, presenciou ato contínuo de tortura: policiais jogam o corpo de Ana Maria de um lado para o outro, para o alto, deixando-a cair no chão. Descobrindo seu corpo ensangüentado, desfecharam coronhadas de fuzis sobre seu cadáver. O mesmo foi feito com os corpos de Iuri e Marcos Nonato. Antônio Carlos Bicalho Lana escapou ferido do local e veio a morrer em 30 de novembro de 1973. A população da Moóca esboçou reação de protesto, tentando elaborar um abaixo-assinado contra o episódio e encaminhar ao então Governador do Estado. Mas devido ao clima de perseguição instaurado pela ditadura militar a iniciativa é posta de lado. O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que Ana Maria foi ferida após assalto, resistindo à voz de prisão, de onde saiu gravemente ferida, falecendo posteriormente. O laudo de necropsia foi assinado pelos médicos legistas Isaac Abramovitch e Abeylard de Queiroz Orsini. Apesar de oficialmente morta em 16 de outubro de 1973, Ana Maria
foi condenada à revelia a 12 anos de prisão pelo
artigo 28 do Decreto Lei num. 898/69. No dia 9 de novembro de 1972, durante uma batida policial executada pelo 2o Setor de Vigilância Norte - Parada de Lucas-RJ refugia-se num ônibus, onde foi aprisionada. Torturada na presença de populares, foi depois conduzida à Invernada de Olaria. Ali foi torturada com “pau-de-arara” e choques elétricos, e a “Coroa de Cristo” - torniquete que esmaga aos poucos o perímetro craniano. Esta ação foi executada em conjunto por policiais do DOI/CODI e do Esquadrão da Morte. Após as torturas, seu corpo, crivado de balas, foi abandonado na esquina das Ruas Adriano e Magalhães Couto, no bairro do Meier, no Rio de Janeiro. A necropsia, datada de 10 de novembro de 1972, foi assinada pelos médicos legistas Elias de Freitas e Salim Raphael Balassiano e atesta ferimentos penetrantes na cabeça com dilaceração cerebral. No dia 11 de novembro de 1972 foi reconhecida no IML/RJ por seu pai, que a traslada para São Paulo com ordens expressas para não abrir o caixão lacrado. Esta ordem não foi acatada pela família, que consegue realizar novo exame no IML que demonstra inúmeros sinais de torturas, queimaduras, cortes profundos, hematomas, afundamento de crânio pelo uso da “coroa de Cristo”, que foi a causa da morte. Não há referência à sua morte em Relatórios dos três Ministérios militares. 1972 O Relatório do Ministério da Aeronáutica atesta falecimento no dia 22 de janeiro de 1972, após tiroteio com agentes de segurança de São Paulo/ SP. Outro Relatório, expedido pelo Ministério da Marinha, descreve a mesma versão, sem data. No Arquivo da Polícia Técnica existem várias fotos que precisam e documentam o local da morte: Rua Heitor Peixoto esquina com Rua Inglês de Souza. 1972 Morreu em decorrência de tiroteio realizado por ação
do DOI/CODI-RJ, na companhia de Lígia Maria Salgado Nóbrega
e Antônio Moraes Pinto de Oliveira, na casa em que estavam,
na Av. Suburbana no 8988 - casa 72, bairro do Quintino, RJ. Na
guia no 2 despachada pelo DOPS e enviada ao IML foi dada como
desconhecida morta em tiroteio. A necropsia, datada de 30 de março
de 1972 e assinada pelos médicos Eduardo Bruno e Valdecir
Tagliari, confirmam a versão oficial. Nesse dia é
identificada através de ficha do Instituto Félix
Pacheco do Rio de Janeiro. Foi reconhecida por suas irmãs
em 7 de abril de 1972. As fotos e o laudo da perícia de
local no. 1884/72 e a Ocorrência no 264/72 do Instituto
de Criminalística Carlos Éboli, do Rio de Janeiro,
mostram o corpo baleado. Testemunhas declaram que após
ter sido baleada, Maria Regina foi levada ao DOI - CODI onde veio
a falecer posteriormente, tendo sido inclusive levada ao Hospital
Central do Exército. No dia 30 de março de 1972 o corpo de Lígia chega ao IML/RJ sendo dada como desconhecida pela guia no 1 - DOPS/RJ. Foi reconhecida depois pelo irmão. As fotos e o laudo da perícia local no 1884/72 e a Ocorrência no 264/72 do Instituto de Criminalística Carlos Éboli /RJ afirma que o corpo estava baleado. A necropsia, assinada pelos médicos legistas Eduardo Bruno e Valdecir Tagliari confirmaram a versão oficial de tiroteio. No dizer da família, …”morreu acreditando num Brasil mudado, no seu povo
feliz, fruto da justiça social e da paz. Lígia Maria,
assim como outros brasileiros, jogou tudo, inclusive a vida, na
tentativa de mudar os destinos deste nosso Brasil”. No dia 23 de fevereiro de 1969 casa-se com Paulo Pontes e devido
às repressões políticas mudam-se para Natal/RN.
Em fevereiro de 1970 mudam-se para Salvador/BA, quando Paulo Pontes
é preso e então muda-se para o Rio de Janeiro. No
dia 29 de dezembro de 1972 foi morta no Rio em circunstâncias
ainda não esclarecidas,juntamente com Valdir Sales Saboya.
Segundo os órgãos oficiais foram mortos em um “aparelho”
-casa que abrigava combatentes do regime - na rua Sargento Valder
Xavier Laima, no 12, fundos. No dia 31 de dezembro de 1972 deu
entrada no IML como Luciana Ribeiro de Almeida, segundo consta
da guia no 08 do DOPS. A necropsia, assinada pelos médicos
Roberto Blanco dos Santos e Hélder Machado Paupério
confirmam a versão oficial, de morte por tiroteio. O óbito
no 142960, feito em nome de Luciana - consta como declarante José
Severino Teixeira. O laudo de ocorrência no 986/72 e as
fotos da perícia de local do Instituto de Criminalística
Carlos Éboli/RJ mostram Lourdes nas dependências
da casa da rua Valder Xavier de Lima. Algumas fotos mostram-na
usando relógio de pulso, outras não. No dia 26 de
fevereiro de 1973 foi enterrada como indigente com o nome de Luciana.
Em 10 de abril de 1978 seus restos mortais foram levados para
o ossário geral e entre 1980/81 para a vala clandestina,
junto com cerca de 2 mil outras ossadas. O Relatório do Ministério da Aeronáutica
afirma que Pauline faleceu em 8 de janeiro de 1973 em Recife/PE
ao reagir à ordem de prisão, travando intenso tiroteio
com agentes de segurança, falecendo em conseqüência
dos ferimentos. 1973 Quando adolescente, foi morar exilada no Uruguai, onde era militante. Em 1o de julho de 1962 , no início da onda de perseguições , prisões e torturas naquele país, Soledad foi raptada por grupo neonazista, colocada em automóvel e, sob ameaça, obrigada a gritar palavras de ordem contrárias às suas idéias. Negando-se, gravaram com uma navalha, no seu corpo a cruz gamada - símbolo do nazismo hitlerista - abandonando-a depois no parque zoológico de Villa Dolores. Casou-se com José Maria Ferreira de Araújo, com quem teve uma filha. Ele retorna ao Brasil e desaparece. Depois de aguardar a volta do marido por mais de um ano, resolve vir encontrá-lo. Sua irmã Namy Barret, no Boletim “Hasta Encontrarlas!”,publicação da Federação Latino-americana de Familiares de Desaparecidos - FEDEFAM, ano IX, no 46, maio-junho/1991 relata: Em 8 de janeiro de 1973, assassinada, grávida de 4 meses, sob tortura no massacre da Chácara São bento, município de Paulista/PE, pela equipe do Delegado Fleury, auxiliado pelo ex-cabo Anselmo, elemento infiltrado em movimentos de resistência à ditadura, juntamente assassinados Pauline Reichstul, Eudaldo Gomes da Silva, Jarbas Pereira Marques, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira. Os Relatórios dos Ministérios da Marinha e da Aeronáutica
afirmam que foi morta em Paulista/PE em 8 de janeiro de 1973,
ao reagir a tiros e ordem de prisão dadas pelos agentes
de segurança. As versões sobre sua morte: O ex-comandante do DOI-CODI/Brasília e o Cel. Carlos Alberto Brilhante Ulstra, comandante do DOI-CODI/SP afirma que ela foi presa pelo DOI-CODI/SP e transferida para o DOI-CODI/RJ onde foi estrupada com um cassetete, que provocou hemorragia interna. Retorna a São Paulo assassinada com 2 tiros. O Sargento Marival Chaves - DOI-CODI/SP - afirmou que Sônia e Antônio Carlos foram presos e levados para uma casa de torturas na Zona Sul de São Paulo. Aí permaneceram de 5 a 10 dias, até morrerem no dia 30 de novembro de 1973. Seus corpos foram expostos à porta do DOI-CODI/SP para servir de exemplo e justificar as mortes como conseqüência de tiroteio, na versão oficial. A autópsia assinada pelos médicos legistas Harry Shibata e Antônio Valentine declara perfurações a bala. O crânio sofreu corte característico da autópsia, sendo o corpo detidamente examinado ( sem comentários de tortura). O documento da Polícia Civil do Arquivo do antigo DOPS/SP relata que consta arquivada nesta divisão cópia do Laudo do Exame necroscópico referente à epigrafada com data de 20 de novembro de 1973 ( morta em 20 ou 30 de novembro). A família, através de processo no 1483/79 na 1a Vara Civil/SP obtem a correção da identificação do nome e do registro de óbito. Em 1981 os restos mortais foram transladados para o Rio de Janeiro. Em 1982 a família processou o médico legista Harry Shibata do IML/SP e exigiu a apuração das reais circunst6ancias da morte. Na declaração consta a morte, o atestado de óbito registrado com nome falso e o laudo com nome verdadeiro. Na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Municipal de São Paulo, consta que a descrição do laudo necroscópico de que houve corte no crânio não é verdadeira, sendo esta descrição apenas questão de praxe. A pedido da família, o IML/RJ executa exumação dos restos mortais enterrados no Rio de Janeiro, constatando ser de um cadáver masculino. Após estes resultados procedem-se a várias exumações de restos mortais no cemitério de Perus/SP. Na 6a exumação apresenta-se um crânio sem corte característico da autópsia e a família desconfia de mais um engano do IML/SP. Os restos mortais identificados pela Universidade de Campinas - UNICAMP/SP confirmam como sendo de Sônia Maria, estando de acordo com as declarações do médico legista Harry Shibata - CPI-Camara Municipal de São Paulo. Em 11 de agosto de 1991 os restos mortais de Sônia Maria
Lopes foram trasladados para o Rio de Janeiro. João Luiz de Morais -Tenente Coronel da Reserva do Exército/
pai de Sônia Maria. Em 1936 ingressa como funcionária na Ordem dos Advogados do Brasil - OAB/RJ. Em 27 de agosto de 1980 foi morta durante a “Operação
Cristal”- organizada por extremistas de direita - por uma
explosão de carta-bomba endereçada ao presidente
da OAB/RJ, Eduardo Seabra Fagundes, do qual era secretária.
O Registro de Ocorrência no. 0853 da 3a DP atesta morte
por ato de sabotagem ou terrorismo. Na mesma ocasião foi
ferido o funcionário José Ramiro dos Santos. O óbito
no 313 foi assinado pelo Dr. Hygino C Hércules do IML/RJ
e o declarante foi Joaquim Alves Costa. Em 28 de agosto de 1980
houve o enterro no Cemitério São João Batista,
no Rio, com grande participação dos movimentos sociais
e cobertura da imprensa. Destacou-se pela defesa dos direitos do trabalhador sem-terra, pelo registro em carteira, jornada de 8 horas, 13o salário e outros direitos. Em 13 de agosto de 1983 foi assassinada por jagunços a mando de latifundiários da região. Margarida porque tinha (homenagem à Margarida de Raimundo Francisco de Lima -
presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais de São
Pedro/RN) Nasceu em 12 de janeiro de 1942 em São Paulo/SP. Era professora universitária no Instituto de Química da USP/SP. Em 22 de abril de 1974 desapareceu com seu marido Wilson Silva. As famílias impetraram habeas corpus na tentativa de localizá-los. Nos arquivos do antigo DOPS/SP há uma ficha onde se lê: presa no dia 22 de abril de 1974 em São Paulo. O Relatório do Ministério da Marinha faz referências caluniosas à sua pessoa. Em 10 de dezembro de 1974 foi feito um pedido de investigação à Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA). Meses depois a OEA afirmava que tendo consultado o Governo brasileiro, este declinava de qualquer responsabilidade no episódio. Em dezembro de 1974 o Gal. Golbery do Couto e Silva reconheceu que Ana Rosa se encontrava presa em instituição da Aeronáutica. O Governo americano, através de seu Departamento de estado deu informações à família de que Ana Rosa estaria presa em local não sabido e seu marido provavelmente morto. Em audiência solicitada por Dom Paulo Evaristo Arns (Arcebispo Metropolitano de São Paulo), as famílias dos desaparecidos políticos estiveram com o Gal. Golbery do Couto e Silva, posteriormente com o Ministro da justiça, Armando Falcão, em Brasília. A nota oficial informa sobre os “desaparecidos políticos” e inclui na lista de nomes pessoas que foram dadas como desaparecidas. A nota do Ministério alga que o casal era terrorista e estava foragido. Amilcar Lobo, psiquiatra envolvido com torturas no Rio de Janeiro, em entrevista com minha pessoa, denunciou assassinatos políticos - reconheceu nas fotos Wilson Santos que atendia após sessão de tortura. O reconhecimento de Ana Rosa foi positivo, mas não categórico. Depoimento (adaptado) de Bernardo Kucinski, irmão de Ana
Rosa. Sabe-se que o trânsito de Ísis pelos órgãos de repressão incluiu o DOI-CODI/RJ, a base aérea de Cumbica/SP, a Ilha das Flores/RJ, o Centro de Informações da Marinha - CENIMAR, o Aeroporto do Campo dos Afonsos no Rio. A família impetrou 5 habeas-corpus mas sua prisão é negada, dando-a como foragida. Em 1979 um general dos órgãos de segurança reconhece a morte de Ísis e de 11 presos políticos considerados desaparecidos (Folha de S. Paulo- 28/01/1979). O psiquiatra Amilcar Lobo, que trabalhara para os órgãos de segurança, afirma reconhecer Ísis no DOI-CODI/RJ, sem precisar em que data.(Revista Isto É, 8/4/1987). No Arquivo do DOPS/PR foi encontrada sua ficha de identidade onde constava estar falecida. Os Relatórios da Marinha e do Exército afirmam que está foragida. “até hoje estou esperando saber o que eles fizeram
com minha filha Isis…” Em documento dos órgãos de repressão encaminhado ao Delegado Romeu Tuma, diretor do DOPS/SP foram assumidas as mortes do casal. As autoridades policiais não informaram as famílias. Através de depoimentos a jornalistas o casal se encontrava
na Fazenda Rio Verde, em Rio Doce/GO, por ocasião de seu
assassinato. O fazendeiro Sebastião Cabral e empregado
enterraram os corpos, esfacelados por tiros. Policiais recomendaram
sepultamento pelo menos a 200 metros do asfalto. No início
das investigações (1980) três homens exumaram
os corpos, deixando em covas abertas alguns dentes e pequenos
ossos. Professora universitária, diretora do grupo teatro da Cidade - Santo André/SP de 1967 a 68 e Teatro de Arena/SP entre 1969/70. Foi presa por agentes do DOI-CODI/SP juntamente com Paulo de Tarso celestino da Silva (também desaparecido) em 12 /07/1971. O Relatório do Ministério da Aeronáutica atesta sua prisão em 20 de outubro de 1970 em Poços de Caldas/MG, sendo libertada em 1o de abril de 1971. O depoimento de Ulisses Telles Guariba Neto - ex-marido de Heleni: Ulisses Telles Guariba Neto e seu pai general reformado percorreram
diversos órgãos de repressão na busca de
informações sobre Heleni Guariba. Um dos Delegados
do DOPS/SP, Romeu Tuma, informa que tinha sido torturada pelo
Capitão Albernaz. Tinha marcas roxas nas mãos e
braços, provocadas por choques elétricos. Em início
de período menstrual, as torturas provocaram hemorragias.
Retirada da Operação Bandeirante (OBAN/SP) - precursora
do DOI-CODI), Heleni foi enviada ao Hospital Militar, após
48 horas e encaminhada para o DOPS/SP em fins de abril de 1971,
quando foi solta por decisão da Justiça Militar.
Em 25 de julho de 1971, recebe telefonema informando sobre a prisão
de Heleni no Rio de Janeiro. As informações de Brasília
e do Comando do I Exercito do RJ informam que Heleni não
havia sido presa, provavelmente teria embarcado para o exterior.
Em Relatório sobre a Casa da Morte (Petrópolis/RJ),
Inês Etienne Romeu denuncia que heleni Guariba esteve naquele
aparelho de repressão (julho 1971) e foi torturada por
3 dias, inclusive com choques elétricos na vagina. Cármen Jacomini Economista formada pela UFSE, foi funcionária da Caixa Econômica Federal, tendo morado em Belo Horizonte/MG. Naquela cidade,foi presa (1973) e depois encaminhou-se ao Chile. Após o golpe militar de setembro de 73 no Chile, Therezinha vai para a Holanda, onde conclui seu doutoramento em Economia (1974). Trabalhava na Prefeitura de Amsterdã até 15 de setembro de 1977, quando seu contrato não foi renovado. No dia 3 de fevereiro de 1973 foi encontrada morta sob a janela do apartamento onde residia, naquela cidade. De volta de viagem encontrou seu apartamento remexido, o telefone “grampeado’, pedindo que eu não lhe telefonasse. Às vezes, ao voltar do serviço, encontrava seu apartamento remexido… começou a receber telefonemas anônimos com ameaças. uma das pessoas que a seguira ficou sabendo que se tratava da polícia secreta do Chile. Morreu no dia 2 ou 3 de fevereiro de 1978. Era estudante de Ciências Sociais e fazia militancia política estudantil. Foi condenada a cinco anos de prisão por suas atividades políticas, exila-se no Chile, onde se casa com o jornalista Pepe Carrasco. Seu marido estava preso quando ela morreu; posteriormente foi assassinado e encontra-se desaparecido. Em carta endereçada a Dulce Anna Vanini, irmã de Jane (14/01/1994), Anches Dominguez Vial, Secretário Executivo da Corporacion Nacional de Reparacion y Reconciliacion, do Governo chileno, afirma: Quero compartilhar com a senhora minha experiência pessoal de ter conhecido Jane, que tentei proteger em minha casa após o golpe de Estado de 11 de setembro de 1973 no Chile. Conviveu com minha família, aproximadamente por um mês e meio, até que perseguições … puseram em risco minha segurança pessoal e das pessoas que tentava ajudar. Devido a isso Jane foi para cidade de Concepcion, 500 km ao sul de Santiago, onde encontrou a morte nas mãos da DINA. Recuperada a democracia, em março de 1990, iniciamos longo caminho de recuperação e de reconciliação entre os chilenos. Em dezembro de 1993, o Governo chileno assumiu suas responsabilidades
no caso de Jane Vanini, concedendo à sua família
pensal como forma de reparação. O Relatório do Ministério da Aeronáutica afirma que ela foi cercada pelas forças de segurança ao recusar-se à rendição. O Relatório do Ministério da Marinha afirma que ela foi morta em setembro de 1974. O Diário Nippck atesta que ela foi morta com rajadas de metralhadoras disparadas por diversos militares, deixando seu corpo irreconhecível. Foi enterrada em Xambioá/Tocantins e seus restos mortais exumados por estranhos. O Cel Aeronáutica Pedro Cabral (entrevista à Revista
Veja, outubro de 1993) afirmou que ela foi morta em outubro de
1974, “sendo seu corpo enterrado em Bacaba (região
próxima da ex-Transamazonica), onde o Centro de Informações
do Exército - CIEX construíram celas onde interrogavam
prisioneiros. Durante a “Operação Limpeza”,
sua cova foi aberta, o corpo desenterrado. Seu corpo estava intacto,
sem roupa, pele muito branca, sem sinal de decomposição,
apenas marcas de bala. O corpo foi colocado em saco plástico,
levado até meu helicóptero, transportado para um
ponto sul da Serra das Andorinhas. Colocado numa pilha de cadáveres
- desenterrados de suas covas originais - cobertos de pneus velhos
e gasolina, foram incendiados”. Estudava na USP/SP, onde tinha participação no movimento estudantil. Chegou a ser vice-presidente da UNE em 1968, tendo sido presa por arregimentação em passeata, mais tarde foi presa novamente, com outros 800 estudantes que faziam o XXXo Congresso da UNE em Ibiúna/SP. Foi transferida para o DOPS, interrogada pelo Delegado Sérgio Fleury e depois transferida para o Presídio de Mulheres do carandirú. Através de um habeas corpus despachado antes do Ato Institucional no 5, foi libertada e passou a viver na clandestinidade antes de ir juntar-se à guerrilha do Araguaia. Depoimento de Helenalda Rezende, sua irmã (adaptação): O Relatório do Ministério da Marinha afirma que se encontra foragida e no Arquivo do DOPS/PR foi identificada como falecida. As declarações da ex-presa política Elza Monnerat na Auditora Militar conta que Helenira, ao ser atacada por dois soldados, matou um deles e feriu outro. Metralharam-na nas pernas e torturaram-na selvagemente até a morte. Conforme falaram soldados do Pelotão de Investigações criminais -PIC - a coragem da moça irritou a tropa; o lugar onde estava virou uma poça de sangue. Segundo seus depoimentos, Helenira foi morta à baioneta. Até hoje, sua família não foi informada
oficialmente de nada. Nasceu em 20 de março de 1950 em Agudos/SP. Desapareceu em 1972. Professora primária, dirigiu-se à região do Araguaia, para o interior de Goiás, posteriormente ao Sul do Pará. Depoimento de Regilena Carvalho Leão do Aquino, uma das
sobreviventes da guerrilha do Araguaia: Segundo depoimentos de alguns sobreviventes, no dia 16 de junho de 1972, ao se aproximar da casa de um camponês, Maria Lúcia foi fuzilada por tropas do Exército, sob o comando do Gal. Antônio Bandeira, da 3a Brigada de Infantaria. Maria Lúcia foi morta em plena juventude por tentar manter vivos ideais de liberdade e justiça social no período da ditadura pós-64. Sua família não recebeu até hoje comunicado oficial de sua morte, um atestado de óbito, por parte das Forças Armadas, nem sequer a informação do paradeiro de seus restos mortais. Às primeiras horas do dia 16 de junho de 1972, a menos de 2 km da casa de João Coioió, Jaime ( Jaime petit da Silva), daniel (Daniel Ribeiro Callado) e eu, fomos acordados com o disparo de um tiro ao longe e um outro tiro em seguida. Da mesma direção dos sons dos disparos, metralhadoras foram acionadas, quando o ruído distante de um helicóptero em movimento, tornava-se próximo das imediações. Estávamos acampados na retaguarda para aguardar Maria (Maria Lúcia Petit da Silva), Cazuza (Miguel Pereira dos Santos e Mundico (Rosalindo de Souza) para ajudá-los no transporte de mantimentos encomendados ao ‘João Coioió’. Retiramo-nos imediatamente e, ao final da tarde, acampamos nas cabeceiras da chamada Grota da Cigana. Momentos mais tarde, enquanto preparávamos o jantar, milho maduro em água de sal, cozido em fogo brando para esperar os três companheiros ausentes, surgiram Cazuza e Mundico, ensopados de suor e aflição. Perguntei pela Maria e a resposta foi direta e cura: “a reação a matou”. “No dia anterior, os três viajaram para apanhar as sacas de farinha e outros víveres, já pagos, a serem comprados em São Geraldo-PA por ‘João Coioió’, um dos tropeiros da estrada do Pará da Lama. A data combinada para a entrega das mercadorias estava marcada para o dia 16 de junho de 1972, pela manhã. Maria acordara febril e menstruada. Enquanto eu mudava o curativo de uma ferida de leishmaniose no dorso de sua mão esquerda, conversávamos sentadas na mesma rede. Ela não aceitou ser substituída naquela tarefa, pois acreditava ser a sua relação de amizade com a família Çoioió’a mais forte do grupo. Era ela a ‘prometida madrinha do terceiro filho que Lázinha esperava de João Coioió”. Mundico contou, então, o ocorrido: na tarde de 15 de junho de 1972, os três transitavam por um trecho da estrada do Pará da Lama quando, casualmente, encontraram-se com um trabalhador da região conhecido por “China”, que os viu encaminharem-se à picada em direção à moradia do ‘João Coioió’. Souberam através do ‘China’ que não havia tropas militares naquelas proximidades. Aos fundos da casa do ‘João Coioió’, dentro da mata, armaram suas redes para, na manhã seguinte, conduzirem as sacas de farinha e outras mercadorias compradas. Durante várias horas da noite ouviram ruídos de homens e animais em movimento constante, fazendo-os supor que fosse a tropas de burros chegando com o material adquirido em São Geraldo/PA. M determinado momento, Cazuza e Mundico perceberam alguns sussurros masculinos que interpretaram como ‘mata, mata’, do verbo matar. Às 6 horas da manhã, não associaram a movimentação da noite anterior ao silencio daquele amanhecer: os cachorros não latiram e não havia sinal aparente de vida naquela casa. Criou-se um clima de desamparo diante daquela atmosfera triste, mas a ação de recolher a comida foi condição mais forte. Maria, à frente. Ainda na escuridão da mata, Mundico e Cazuza seguiam-na a curta distancia. Quando saiu da penumbra, andou alguns passos e foi iluminada pela claridade do dia, ouviram-se dois tiros, intercalados por segundos. Mundico chegou a vê-la caindo e a ouvir seus gemidos de dor ‘ai, ai, ai”, antes do estrondo provocado pelas metralhadoras tocaiada na lama do quintal. Mundico e Cazuza jogaram-se de volta ao interior da mata, em direção oposta à origem das balas que já os alcançavam. Quando estive presa na base militar de Xambioá-GO, alguns oficiais mostraram-me objetos do seu uso pessoal: um par de chinelos de sola de pneu com alças retorcidas de nylon azul claro, e uma escova de dentes de cor amarela e com o cabo quebrado. Reconheci tais objetos que realmente pertenciam a Maria, que os guardava em um bornal de lona verde, permanentemente usado a tiracolo. Afirmaram que fora enterrada em São geraldo-PA, cidade em frente e separada de Xambioá-GO pelo Rio Araguaia. Em Brasilia-DF, no presídio da 3a Brigada de Infantaria, em agosto de 1972, o general Antônio Bandeira, então seu comandante, disse que Maria fora morta por um recruta inexperiente, logo retirado daquela área. Em entrevista gravada pelo padre francês Aristides Camio, em 1984, quando exercia seu Ministério naquela região, ‘dona Nenzinha’, parteira da estrada do Pará da Lama e moradora próxima da casa do ‘João Coioió’, confirmou a morte da Maria e disse ter sido o próprio ‘João Coioió’quem avisou as Força Armadas sobre o dia marcado para a visita das três companheiros. Segundo ela, a emboscada preparada ao redor daquela casa, era composta por muitos militares distribuídos entre as árvores mais próximas e sobre o paiol de milho. Disse ainda que, na noite seguinte à morte da Maria, os guerrilheiros retornaram àquele local e mataram os cachorros de “João Coioió. Essa informação não confere, pois, nenhum de nós voltou àquela casa. Pode ser associada as palavras, ouvida pelo Mundico e pelo Cazuza, ‘mata,mata’, dirigidas aos cachorros da casa, farejadores e denunciadores de presenças estranhas que, no caso, seriam os próprios militares. Seus irmãos Jaime e Lúcio Petit também estão desaparecidos na região da Guerrilha do Araguaia. Em 1991, familiares de mortos e desaparecidos do Araguaia, juntamente
com membros da Comissão Justiça e Paz da Arquidiocese
de São Paulo e equipe de legistas da Unicamp estiveram
em um Cemitério da cidade de Xambioá, onde exumaram
duas ossadas. Uma de um velho, negro, provavelmente Francisco
Manoel Chaves (desaparecido na Guerrilha do Araguaia) e outra,
de uma mulher jovem enrolada num pedaço de pára-quedas,
que poderia ser Maria Lúcia ou Áurea Eliza Pereira
Valadão. Esses restos mortais foram encaminhados para a
Unicamp, mas até agora não se tem as conclusões
das investigação dos técnicos do Depto. de
Medicina Legal. Estudava Ciências Sociais na UFRJ e participou do movimento
estudantil. Dirige-se ao Araguaia em 1971, vivendo com seu irmão
Elmo Corrêa e sua mulher Telma Regina Cordeiro Corrêa,
ambos desaparecidos. Após um ataque das Forças Armadas,
desaparece com Pedro carretel - camponês que aderira à
guerrilha -seu irmão e cunhada (2/1/1974), segundo depoimentos
de companheiros. Segundo relato de moradores de São Domingos/PA,
Maria Cecília foi levada presa com outros guerrilheiros.
A moradora Maria Raimunda Rocha Veloso, conta que a viu ser presa
por “Manezinho das Duas”, que a amarrou e levou com
ajuda de outro homem, para o acampamento do Exército em
Bacaba, região da ex-rodovia Transamazonica. Este depoimento
foi confirmado pelo Delegado de São Domingos/PA, Geraldo
Martins de Souza, dizendo ter sido presa no local chamado Açaizal.
O vereador Santinho, eleito pelo PSDB da Câmara de São
Domingos e genro do Delegado Geraldo Martins de Souza, declarou
em 1991 que eram duas mulheres as pessoas levadas pelo sogro e
uma delas era Maria Cecília. Todos os depoimentos são
unânimes: em meados de 1974 estava viva, sem ferimentos
de arma de fogo. Participava da Associação dos Funcionários
do Hospital das Clínicas de São Paulo, onde trabalhava
como enfermeira e chefe do Depto de Doenças Tropicais.
Dirige-se à região do Rio Gameleira no Araguaia.
O Relatório do Ministério do exercito a considera
desaparecida desde maio de 1974. Segundo Relatório do Ministério
de Exército teria sido morta em junho de 1974. Conforme
declarações de seus companheiros foi vista pela
última vez num acampamento próximo à rua
das Andorinhas, antes de tiroteio com órgãos do
Governo em 25 de dezembro de 1973. Áurea era professora Estudou Biologia na UFRJ e participava do movimento estudantil. Em abril de 1971 muda-se para Metade, no sul do Pará e casa-se com Nelson Lima Piauhy Dourado - desaparecido. Desapareceu (02/01/1974), após ataque das Forças Armadas, em companhia de seu marido, de Maria Cecília Corrêa, Elmo Corrêa, Telma Regina Corrêa e Pedro Carretel. Um Relatório do Ministério da Marinha relata sua morte como tendo ocorrido em 08 de fevereiro de 1974. Sua mãe não poupa esforços à sua
procura. Declara que a filha foi presa e levada para Bacaba -
região da ex-rodovia Transamazonica, para centro de torturas
das Forças Armadas. Segundo moradores da região,
aí também se encontrava um cemitério clandestino.
Estava quase nua e com arranhões pelo corpo. Amarrada,
foi colocada em um saco, e içada por helicóptero
nas proximidades de São Domingos/PA. Figurinista internacional, mãe do militante político Stuart Angel Jones, que foi preso em 14 de março de 1971, pelo Centro de Informações da Aeronáutica - CISA - e que foi torturado e morto na base aérea do Galeão/RJ , em 14 de junho de 1971, desaparecido desde então. Zuzu fala de seu filho: “Então meu filho foi aquele que foi assassinado antes de ser absolvido”. Alex Polari de Alverga - que estava preso no mesmo local que Stuart - escreveu da prisão à Zuzu, narrando as torturas sofridas por seu filho. Ele disse ter presenciado um jipe arrastando- o pelo pátio interno da base aérea do Galeão e ouviu seus gritos denunciando que iria morrer. Durante 5 anos, Zuzu Angel buscou rever o corpo de seu filho, cuja morte jamais foi admitida pelos órgãos de segurança do governo. No Brasil e no exterior, ela denunciou a morte de seu filho e o regime político militar brasileiro. Na sua luta acabou envolvendo clientes e amigos importantes. Sua filha, Hildegard Angel relata: ..”na peleja dos últimos anos de sua vida, demonstrou coragem e audácia.” …(1) “Batia em todas as portas, fazia comícios em fila de banco, de supermercados, onde encontrasse gente para escutá-la”… Criou como denúncia o que ela classificou como a “Primeira Coleção de Moda Política”: o anjo tornou-se modelo. Anjos amordaçados, meninos aprisionados, sol atrás de grades, jipes, e quépis. Em mãos do compositor Chico Buarque de Hollanda, deixou documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. O compositor conferiu-lhe tributo na música “Angélica”. O acidente de automóvel em que veio a falecer até hoje não foi esclarecido. Testemunhas afirmam que havia um jipe do Exército logo após o acidente, na saída do Túnel Dois Irmãos/RJ. O óbito de num. 384, firmado pelo Dr. Hygino de Carvalho Hércules, confirma a versão policial de morte por acidente. Fala Zuzu: “se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”. “Eu não tinha coragem, coragem tinha meu filho.
Eu tenho legitimidade.” LEIA
UM ARTIGO SOBRE A DITADURA COM COMENTÁRIOS ASTROLÓGICOS
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