Perguntas e Respostas
Abril.2003  
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Pergunta: Mônica
Responde: Carlos Hollanda

1- Ao interpretar mapas, qual o seu procedimento quando uma pessoa o procura só por curiosidade, sem saber ao certo o que está procurando?

2- A leitura do mapa feita uma única vez é funcional? Não seria preciso fazer outras?

3- Quando as pessoas procuram a Astrologia passando por uma crise, com os acontecimentos borbulhando, é eficaz a leitura? Não aumenta a angústia?

1- Ao interpretar mapas, qual o seu procedimento quando uma pessoa o procura só por curiosidade, sem saber ao certo o que está procurando?

Procuro fazer um apanhado geral do mapa, focalizando alguns pontos que me parecem sugestivos para aquele momento no mapa da pessoa. Também pergunto se ela tem algum objetivo específico e demonstro que ela foi fazer o mapa, isto é, foi buscar autoconhecimento, não por mera curiosidade, mas porque há um movimento inconsciente que requer maior aprofundamento em si e no que ela pode desenvolver. Quase sempre encontramos um trânsito ou progressão bastante explícito nesse sentido. Existe sempre uma motivação inconsciente que muitas vezes pode se manifestar como curiosidade e/ou cinismo, talvez até num desdém derivado da necessidade de autoproteção. Mas se a pessoa foi fazer o mapa é porque ela tem alguma coisa a confrontar, nem que seja o confronto entre as próprias convicções e uma outra versão da realidade, então representada pela visão do astrólogo. Neste último caso os resultados variam desde uma certa insatisfação por ver que não se pode estar certo o tempo todo, até uma grande resistência que faz com que a pessoa se feche a qualquer lógica apresentada pelo astrólogo. Há também o contrário: a pessoa surpreeende-se com o que ouve e passa a reconsiderar sua visão de mundo, mesmo a consulta astrológica não sendo capaz de abranger a totalidade de um ser humano (nenhum sistema de conhecimento é capaz disso, nem mesmo em anos de trabalho - há sempre um aprofundamento contínuo).

2- A leitura do mapa feita uma única vez é funcional? Não seria preciso fazer outras?

Depende muito do que se entende por funcionalidade ou eficácia numa leitura. Uma única leitura pode ser funcional, de acordo com as necessidades daquele momento ou daquele período para o cliente. No entanto, conforme disse acima, em nenhum momento haverá um aprofundamento total num ser humano em nenhum sistema de conhecimento, em nenhuma ciência e em nenhuma técnica. Astrólogos lêem seus próprios mapas por vários anos e estão sempre descobrindo novos níveis de manifestação de si mesmos. É um aprendizado que não tem fim, do contrário o Inconsciente deveria ser concebido como algo limitado. Se é inconsciente, então não temos como saber se tem ou não limites, o que leva à idéia de aprofundamento contínuo, criativo e à de um aprendizado constante sobre o si mesmo e sobre o mundo em que o ser humano se reflete. As consultas podem ter uma continuação de acordo com as necessidades do cliente. É ele quem definirá tais necessidades e é ele quem trará questionamentos acerca de si mesmo. Por outro lado, ele poderá estudar por si próprio seu mapa mediante cursos de astrologia. Nem todo mundo que faz tais cursos precisa vir a tornar-se astrólogo profissional. Tive vários alunos que estudaram muito, conhecem muito e que preferem manter-se em outras atividades. Usam seus conhecimentos de astrologia e simbolismo para compreenderem seus processos de vida e adquirirem maior desenvoltura nos mais variados assuntos. Enfim, nunca terminamos de conhecer a nós mesmos, daí o fato de estudar astrologia ser uma atividade tão fascinante e gratificante.

3- Quando as pessoas procuram a Astrologia passando por uma crise, com os acontecimentos borbulhando, é eficaz a leitura? Não aumenta a angústia?

A leitura pode ser eficaz em momentos felizes ou em momentos de crise. A eficácia de uma leitura varia muito de pessoa para pessoa, de época para época, mas a mensagem é basicamente um fator que poderá ser "digerido" com o tempo. Muitas vezes, durante uma crise muito angustiante, o cliente não consegue assimilar o que o astrólogo está dizendo de imediato, fazendo-o somente após passado algum tempo e após ouvir novamente a fita gravada com a consulta. Aí ele entende o processo pelo qual passou e percebe que precisava passar por aquilo para construir uma personalidade diferente, um novo ser. Há também os vários casos em que mesmo durante a crise a leitura pode ser compreendida e pode auxiliar de imediato o cliente, fazendo com que ele tenha condições de elaborar, na medida do possível para aquele momento, soluções ou paliativos para seus problemas. De qualquer forma, uma crise é sempre um momento de ruptura entre o antigo e o novo ser, entre uma estrutura psicológica e social e outra completamente nova com a qual o indivíduo tem que se relacionar e à qual tem que adaptar-se. Muitas vezes uma crise como a de ciúmes ou a de perdas (o que inclui mortes, falências ou debilidades físicas) estão ocorrendo num momento em que o indivíduo precisa aprender a deixar o controle ou aprender a lição do desapego. Durante uma consulta astrológica é possível identificar isso com relativa facilidade. O modo como o intérprete revela isso ao cliente conta muito também. É preciso ter um mínimo de sensibilidade, embora não seja ético esconder as coisas que estão claramente visíveis no mapa. Ao relatarmos o que o mapa apresenta para aquele período, e ao apontarmos necessidades como a já mencionada liberação do apego, podemos contribuir para o processo de cura que o próprio cliente já vem processando em seu inconsciente. O intérprete é uma espécie de catalisador do processo interno do indivíduo, indicando não só o que está acontecendo, mas também, devido à experiência com repetidos casos similares, apontar vias alternativas que talvez facilitem um retorno ao equilíbrio psíquico.

A angústia pode até aumentar com a consulta, mas é muito mais provável que aumente sem ela, já que ao nos movermos completamente no escuro não sabemos o que esperar. Se temos um mínimo de luminosidade no caminho, pelo menos evitamos cair em alguns buracos e torcer o pé, concorda?

Atenciosamente,
Carlos Hollanda

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