E foi a Serpente que tentou a Eva!

Muitas Tradições antigas falam de um abismo que era habitado por um ser ardente, que podia enxergar, graças à sua própria luz. Os Upanishades (Hindus) dizem que este ser olhava faminto ao seu redor.

A figura do Dragão vai aparecer em diversas mitologias, mesclando em seu corpo três formas: Dragão , Serpente e a Cabra com rabo de Peixe (as três formas do mal).

Os egípcios denominavam o seu principal rio como a "Serpente do Nilo", cujo ciclo anual desde à vazante e à cheia era o "Grande Círculo" simbolizando a serpente que morde a própria cauda, que é o Ouroborus símbolo do dragão e da totalidade. Os acádios se referiam à Via Lactea, que possui forma de serpente, como rio dos abismos.

O Dragão sempre está associado à locais onde existe água (poços , rios e mares). Na tradição Judaica aparece como:

Leviatã (Jó 41:10)

"De sua goela saem chamas, escapam centelhas ardentes.
De suas ventas saem fumaça, como a de uma marmita
que ferve entre chamas. Faz ferver o abismo como uma panela."

Ou em Isaías (27:1)

" Naquele dia, com sua grande e dura espada,
D-us visitará e vencerá o Leviatã, a Serpente polar,
a Serpente enroscada e matará o dragão do mar."

A Serpente Polar é identificada frequentemente com a constelação de Draco. Isso não surpreende porque há 4.500 anos Thuban, uma estrela da cauda do dragão, era a estrela polar. Como a Serpente Polar tem estrelas em todas as casas do Zodíaco é vista como sustentando à todas as constelações. É como se Draco ocupasse o ponto elevado da esfera celeste e as demais estrelas pendessem. Nesse sentido Draco é visto como administrador e diretor de todas as estrelas. Dele saem amarras que seguram o céu.

As Amarras do Dragão

A palavra "Teli" em hebraico vem da raíz "Tala" que significa pendurar, também é traduzida como uma corda que servia para capturar animais. Um "Midrash" antigo diz que o mundo pende de uma nadadeira do Leviatã. Draco é associado então ao "Teli", porque as demais constelações pendem dele.

Na antiguidade o "Teli" na forma de Draco era adorado pelos cananeus como uma deidade - Baal.

A tradição judaica também associa "Teli" aos nodos norte e ao seu inverso o sul. Na astronomia medieval era chamado de Cabeça de Dragão e o sul de Cauda do Dragão.

Rabi Abraham Abulafia também identifica o "Teli" com os Nós celestiais (Kesharin). Afirma que a cabeça do dragão significa mérito e a cauda responsabilidade. São nós de amor e de união mística. Estes nos representam o eixo de sustentáculo do céu. Num mapa Astrológico a Cabeça do Dragão simboliza a direção que a pessoa deve seguir para trazer desenvolvimento dos potenciais, harmonia para si e favorecimento para evolução do universo; enquanto a Cauda simboliza o lado mais material e inconsciente que precisa ser conduzido com paciência e trabalho.

Os cabalistas dizem que o "Teli" é o Zeer Ampin (o Pequeno Rosto de D-us). A personificação das seis sefirot de Chessed à Yesod, representando "o domínio sobre o destino e a individuação", que é como o versículo bíblico dos Cânticos dos Cânticos diz: "

"Sua Cabeça é um tesouro de ouro puro, suas mechas pendem negras como o corvo."

De acordo com isso o "Teli" indica o cabelo da barba divina que pendura o nosso universo.

Prostituição Sagrada

Os gregos associavam a palavra "Telos" à tríplice união do destino fazendo referência à fortuna, luta e inclui iniciação ritual (casamento e morte). É de se notar que em cada casa havia uma serpente guardiã, e nos ritos funerários a serpente aparecia de barba representando a virilidade, inteligência e domínio sobre o acaso. Afrodite tinha um cinturão que prendia quem ela desejasse qual poderia afrouxar ou apertar os laços do prazer e do instinto, na Grécia.

Baruc 6:42

"Mulheres cingidas de corda vão sentar-se à beira do caminho e aí fazem fumaça queimando sementes.

Quando uma delas é levada por um transeunte e com ele dorme, zomba da vizinha por não haver recebido semelhante honra, e não Ter sido rompida a sua corda."

No Egito Osiris, no aspecto ressuscitador dos mortos, aparecia barbado. E as serpentes venenosas e os crocodilos adorados eram considerados representantes de Isis (estrela Sírius) que mantêm as outras estrelas presas por uma correia. A Deusa Ísis era freqüentemente representada com cauda de serpente. Deusa dos partos, do amor sensual, era invocada nos rituais de morte e dos renascimentos - devolveu à vida seu irmão e amante Osíris.

Princípio Alquímico

Na Índia Varuna (aquele que ata) é o Deus dos fundamentos, da ordem, da lei e da morte, o senhor das Águas Causais. Ele também aparece relacionado com as serpentes e os lagartos. O filho de Varuna é Soma (elixir da vida).

Para os Maias o Dragão é o senhor do fogo e do tempo e vive na água. Seu poder está no interior azul ou verde de uma pedra, que é utilizada para chamar chuva.

Os chineses dizem: o fogo do Dragão e o fogo Humano são coisas opostas. Se o fogo do Dragão entrar em contato com a água, incendiará e lançará chamas. Se for combatido com fogo apaga. Isto pode ser comparado com a correspondência alquímica com o dragão e a matéria prima. É que para purificar uma substância não pode ser com água (somente o fogo purifica). O objetivo é transformar o corpo de chumbo do Dragão em ouro no interior do recipiente hermético. Mas para que isso aconteça o Dragão - o Senhor do Tempo { - precisa viver na água que produzirá o elixir da vida. Os Dragões chineses não podem ser tocados com o ferro pois tem medo desse metal. Quando ele está na água cobre-se das cinco cores do arco-íris, sendo assim, para os chineses , ele é um Deus.

Um texto sírio fala da rebelião de Satanás ao receber a ordem de servir a humanidade e de sua queda dos céus. Durante essa queda, segundo os alquimistas, a pedra verde da sabedoria que estava incrustada em sua fronte também caiu, transformando-se na Tábua de Esmeralda de Hermes Trimegisto.

O que seria, afinal,
esse Dragão?

Ele é a expressão máxima da energia telúrica - da terra, cujo radical vem de "Telis". Essa força pode ser utilizada para vida e morte . O Caduceu de Hermes com as duas serpentes, que pode ser o veneno ou o remédio que dá a cura para a vida.

Os mitos nos mostram que ele precisa estar sempre preso em amarras, e ao mesmo tempo os mitos também mostram como ele pode nos prender e amarrar com suas correntes. Ele é muito importante para a nossa vida (energia vital) , mas se nos aproximamos demais a corda afrouxa e ele se liberta. Ele não pode sair dos seus limites pré estabelecidos, precisando ser atado e conduzido pelo Princípio oposto que é o princípio Divino dentro do Homem que é representado pelo pequeno rosto de D-us. Caso seja libertado as amarras que o prendem e sustentam o céu se soltaram, as estrelas despencarão do céu, instaurando-se o caos, e libertando a polaridade que estava contida refletiria toda a obscuridade do mal. Assim como perderíamos a fonte de nossa energia, o que nos mantêm vivos (presos).

O conceito Judaico da eterna luta interior do homem entre a inclinação para o bem e para o mal, encontra uma analogia marcante com o Zooroastrianismo do conflito infidável entre Ormuzd - Deus da Luz e da Sabedoria- e Ahrimam - a Deidade representada por um Dragão que rege a escuridão e o mal.

Yohanan (João) ao falar do Dragão se referiu ao número simbólico 666. Mas essa referência é uma alusão de:

Wav (6) Samech (60) Mem softz (600) = 6 +60+600 = 666

Significado
das Letras Hebraicas

Wav - valor numerológico 6 - Representa a idéia de laço, de relação e de amarra. É a coluna vertebral que une a cabeça ao resto do corpo; é o homem nascido no sexto dia , quando recebeu o poder de dominar os répteis e os animais selvagens; é a união do céu e da terra, e a união de todos os elementos da criação.

Samech - valor numerológico 60 - No momento da criação esta letra se apresentou diante do Santo, "Bendito Seja!", e disse: Sou a inicial do verbo apoiar, sustentar. Então o Senhor dos Mundos rechaçou-a dizendo: "Exatamente por este motivo deverás permanecer no teu lugar, pois se te afastares para servir-me o que ocorrerá àqueles que estão a um passo da queda. E assim Samech voltou ao seu lugar !"

Mem - Valor numerológico 600 - É a letra que forma a palavra Melech (Rei), Malkut (Reino) e a palavra Main (água). Estas são as águas primordiais. No segundo dia da criação (Gênesis) D-us separou as águas de cima das águas de baixo. Este foi o único dia que El- não disse que isso era bom. Essa separação simboliza a divisão - que gera os conflitos e as guerras. Assim foi criado o lado antagônico da criação Divina.