Um
Olhar Astrológico Bárbara Abramo |
OFICINA DE INVERNO DE CONSTELAR Pré-lançamento: DOMINGO,
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Cada pessoa pode se valer de um tipo de tratamento ou técnica de harmonização para a qual responde melhor. Um dos ramos mais antigos da astrologia, a médica, se desenvolveu focalizando esse tema, criando técnicas bastantes complexas e elaboradas, que permitissem uma avaliação mais segura do doente, da doença e da tendência à cura ou piora do estado. Os signos representam partes do corpo assim como estações, antigamente empregadas também no tratamento de doenças. Funcionando como eixos, cada par de signo corresponderia a uma zona ou órgão corporal propenso à fragilidade. Muitas vezes, um signo relevante no mapa natal pode indicar a presença de disfunções associadas com seu oposto complementar, como librianos que desenvolvem enxaquecas (a cabeça é regida por Áries) originadas da raiva reprimida ou arianos que apresentam cólicas de rins e cálculos renais (os rins são simbolizados pela Libra). Mapas do momento em que a pessoa "caia de cama" - conhecidos como decumbitura - indicariam a origem, a dinâmica do processo orgânico e as chances de cura, como na Inglaterra do século 18! È verdade que uma análise de astrologia médica deve ser considerada em cada caso particular. Especialmente os signos que contem o Sol, a Lua e o Ascendente dão informações básicas a respeito do temperamento e da disposição geral da pessoa, mas será ainda preciso analisar o signo da casa 6 - doenças agudas - e da casa 12 - doenças que se desenvolvem secreta e cronicamente - , bem como dos planetas que regem essas casas, em termos de como estavam na carta natal, em que signo e que aspectos formavam com outros planetas. Pesquisadores e estudiosos de astrologia continuam se debruçando sobre a questão da cura e de como a astrologia pode auxiliar as pessoas. Astrologia e preocupações médicas sempre se misturaram, pelo menos do ponto de vista da história da astrologia. Na própria origem da astrologia, já se encontram conceitos de Hipócrates (o chamado "pai da medicina" da Grécia) a respeito dos humores e temperamentos que foi amplamente usado até o final do século 18. Do tempo de Hipócrates para cá, diversos foram os estudos elaborados com o fito de auxiliar não apenas no diagnóstico, mas de propor tratamentos eficientes. Alguns trabalhos, como o do médico e herbalista inglês Nicholas Culpeper, só para citar a época moderna, conjugaram o emprego das ervas e da astrologia para sanar mal-estares e doenças das mais variadas espécies, empregando o simbolismo astrológico seja porque a aparência, o sabor e o efeito das ervas eram semelhantes a planetas ou signos, que simbolizavam determinados desequilíbrios, seja porque eram contrárias a estes. Mais recentemente, pesquisadores como R. Ebertin estabeleceram estudos baseados em uma antiga técnica, coordenando o que ele denominava de "quadro planetário" a determinadas desordens orgânicas ou complicações psicossomáticas. Alem disso, elaborou um sistema em que cada grau planetário corresponderia a um órgão ou parte do corpo, com o objetivo de auxiliar na prospecção. Outros trabalhos de compilação feitos por astrólogos do século 20 vieram completar e enriquecer o trabalho pioneiro de outros astrólogos. Eileen Neuman, durante a década de 70 e 80, por exemplo, veio enriquecer essas pesquisas, com a inclusão de asteróides (pequenos corpos celestes que transitam majoritariamente no chamado Cinturão de Kuiper) e seu vasto conhecimento como médica e nutricionista, adicionando também as técnicas de cura alternativa e de alimentação natural em seu trabalho médico. A modalidade - ou modo de expressão da energia do signo - teria papel predominante na avaliação astrológica com fins terapêuticos. Os signos cardinais, fixos e mutáveis responderiam de maneira diversa aos tratamentos, assim como tenderiam a desenvolver males de um certo tipo. Assim, os signos cardinais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio), por sua natureza ativa, inclinados ao movimento, seriam mais propensos a desenvolver doenças agudas em órgãos, aos quais os tratamentos e remédios novos, recém-saídos das pesquisas, seriam mais indicados, aos quais responderiam mais rapidamente. Para as pessoas que possuem a presença marcante de signos cardinais em seu mapa natal de nascimento, este seria o padrão, assim como a necessidade de encorajamento sistemático do médico durante o tratamento. Já os signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), que tendem a desenvolver males crônicos, teriam mais tendência a desenvolver disfunções crônicas, sendo propensos às toxemias; o papel fundamental do cólon para esses signos indicaria a necessidade de ingestão de vitaminas e remédios, juntamente com a limpeza sistemática daquele órgão. Entre todos os signos do zodíaco, seriam os que mais duvidam do médico e dos tratamentos, sendo considerados inimigos de si mesmo. Quanto aos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes) teriam o sistema glandular linfático e/ou o pâncreas como origem mais provável de qualquer disfunção, apresentando franca melhora com dietas mineralizantes, desintoxicantes e reequilibradoras da flora intestinal, que acompanhariam muito bem os tratamentos convencionais. Propensos às doenças agudas, dados aos sintomas confusos e às "doenças misteriosas", os indivíduos que apresentam grande importância de signos mutáveis em seu mapa natal precisariam de uma avaliação preliminar na ingestão de remédios, pois tenderiam a apresentar certa tendência a alergias. Alem dos signos, os planetas também tendem a designar determinadas ervas ou simbolizar vitaminas e sais minerais. À parte do extenso trabalho astromédico dos astrólogos anteriores à época moderna, quase que totalmente baseados na teoria dos temperamentos, de importância fundamental para a análise astrológica como um todo, alguns pesquisadores modernos dedicaram-se a estudar e rastrear possíveis relações entre planetas, sais minerais e vitaminas. Utilizados na avaliação dos planetas envolvidos na aferição da doença e da cura, empregados para auxiliar na descoberta de elementos orgânicos insuficientes ou na preparação de dietas especificas, os planetas poderiam ser associados a determinados planetas. Veja a tabela A corrente médica da homeopatia também enriqueceu a arte do diagnostico médico que incorpora as técnicas astrológicas, bem como outras modalidades de sondagem. Assim, um esquema contendo determinadas substâncias seria correspondente aos signos. Esse sistema, conhecido por "Sais de Schuesller" deveria ser empregado de forma preventiva, seja porque é semelhante á disfunção, ou antagônica a ela. Confira a tabela Quanto às ervas, primeiros ingredientes levados em consideração por curandeiros de qualquer parte do planeta, em qualquer época, também podem ser equiparadas a signos, planetas e seu simbolismo. O já mencionado Nicholas Culpeper, no seu famoso compendio, seguidor da teoria dos humores e dos temperamentos ( chamada comumente de "natureza" ) não apenas apontava a maneira de misturar essas ervas e elementos da natureza para suas poções, óleos e elixires, como também orientava a compo-las de acordo com determinados aspectos astrológicos, alertando o leitor que ele não praticava a "via vulgar da medicina" - ou seja, que ele adotava princípios antigos aos quais somava o conhecimento astrológico da sua época (1653).Segundo o herbalista, aqueles que estudam astrologia são os únicos "capazes de estudar medicina", pois "medicina sem astrologia se torna como a lamparina sem óleo", conforme escreveu no seu Complete Herbal and English Physician Enlarged. Para estes, ele adverte, à maneira de orientação para o diagnostico e a eleição de poções e remédios: "Fortifique o corpo com as ervas da natureza do Senhor [planeta regente] do Ascendente", e mais a frente continua, dizendo também que o remédio deveria ser um pouco antipático à natureza do planeta regente da casa 6, mas semelhante à natureza do signo ascendente. Após algumas outras explicações técnicas, sugere que a parte do corpo doente deveria ser fortalecida com remédios "simpáticos a ela". Na época de Culpeper, nos chegou algumas indicações relacionando planetas e flores, ervas ou frutos. Assim, por exemplo, entre centenas de espécimes, ficamos sabendo que o hipérico, a endívia, o figo e o carvalho são regidos por Júpiter, a flor-de-lis e a alface pela Lua, enquanto o timo, a rosa e a prímula seriam dedicadas à Vênus, o açafrão e o estoraque ao Sol, assim também como o arroz. Marte dominaria sobre a mostarda, a pimenta, a cebola, o ruibarbo, o tabaco, enquanto Saturno comandaria as virtudes do olmo, da centáurea, da maconha e da violeta tricolor. Ao planeta Mercúrio, representante-em-chefe dos médicos, remédios e propriedades curativas em geral, caberiam o orégano, o aniz, a artemísia, a valeriana. Mas, não basta saber quais são as ervas e como mistura-las; é preciso também compor a formula em determinados períodos astrologicamente favoráveis, à moda dos emblemas, pentáculos e outros "escudos protetores" que a astrologia nos deixou. Com a base comum da filosofia hermética, a alquimia, a astrologia, as artes médicas se uniam harmoniosamente, na confluência com as artes liberais. Recentemente, a astróloga brasileira Ana Bandeira de Carvalho publicou um trabalho primoroso de pesquisa, um verdadeiro compendio elencando e comparando as teorias anteriores, e onde também estão descritas as ervas com relação a cada planeta. È claro que você deve procurar um médico para se tratar e ninguém aqui está propondo que você faça suas escolhas por sua própria cabeça, nem que deixe de se tratar de forma responsável. Contudo, vale a pena conhecer o trabalho de alguns astrólogos internacionalmente reconhecidos a respeito. Algumas terapias seriam, de acordo com alguns especialistas, mais indicadas a certas pessoas do que a outras. Segundo o astrólogo A T Mann, por exemplo, "cada tipo de terapia pode dizer a respeito a épocas especificas ligadas ao transcurso do processo vital, e portanto atribuídas a partes da roda astrológica das casas. Essas atribuições provarem ser muito estimulantes a terapeutas e úteis para aqueles cuja especialidade requeira que se recomendem terapias a clientes, terapias essas baseadas em estudos de caso ou horóscopos". Confira (ver tabela) as técnicas de harmonização e cura, pesquisadas por A T Mann, que elaborou o que ele denomina de Roda das Terapias, correspondentes a cada signo, usando a estrutura zodiacal como exemplo de cada uma das terapias existentes até o momento do estudo (final da década de 80). Embora algumas de suas proposições tenham sido superadas, reavaliadas quanto ao seu verdadeiro valor terapêutico ou relegadas e esquecidas, vale como um esforço de compor, de forma elegante, alguns elementos estruturais das técnicas de cura com a própria mandala astrológica. È interessante notar como com o ingresso de Plutão em Sagitário (1995) as técnicas propostas por A T Mann para aquele signo tornaram-se mais e mais disseminadas, e embora a psicanálise não tenha sido colocada no seu sistema, ela sobreviveu e se fortaleceu com o passar do tempo, provavelmente estando relacionada ao eixo Touro-Escorpião, presente também na carta astrológica do dr Freud, confirmando a hipótese dos astrólogos de que cada um teoriza e cria sua filosofia de vida de acordo com uma dinâmica que é análoga aos padrões planetários em seu mapa de nascimento. Só para você não pensar que astrologia e cura é um produto cultural privilegiado do ocidente, é bom lembrar que as tradições astrológicas chinesas, indianas - só para citar exemplos - incluem em sua analise astrológica a preocupação com a saúde, indicando alimentos, cores, gemas preciosas para o equilíbrio geral. Bibliografia Betz, H D - The Greek Magical Papyri -
Vol 1 - U.Chicago Pr, 2a. edição, ISBN 0-226-04447-5 |