Signos do Zodíaco: Um Breviário
Por Carlos Hollanda

O texto que se segue é um conjunto de informações básicas, comuns na literatura astrológica. Você encontrará um estudo profundo do simbolismo dos signos zodiacais, os arquétipos do Inconsciente Coletivo, suas manifestações na vida social e psicológica com grandes detalhes em Zodíaco, Elementos e Signos, curso gratuito do Sistema Astroletiva de Ensino em parceria com a revista Porto do Céu.



Áries

Representa inícios, competição, superação de obstáculos, impactos, princípio masculino, calor, sentido de presença no ambiente (“aqui estou eu”), movimentação da vida sobrepujando a inércia e também o caos. Dá consciência de separatividade (ego, identidade). Expressa os primeiros impulsos na natureza e na vida humana, o movimento do “despersonalizado” para o personalizado, a agressividade, o gosto por estar vivo e atuante. Simboliza metais, honestidade, pureza, liderança, aquilo que está na dianteira de uma situação, de um povo, de objetos etc., assim como o isolamento/destacamento dos demais fatores da natureza ou de um indivíduo com relação ao restante da comunidade, com vistas a abrir caminho até determinado objetivo. Senso de urgência de de missão, impulsividade, desbravamento, direcionamento, heroísmo.

Áries é o representativo simbólico do despontar da primavera (21 de março, no hemisfério Norte), o que demonstra a infusão da vida no mundo físico, a inseminação e o movimentar das formas após o inverno, onde a proliferação da vida é mais difícil ou, em latitudes mais elevadas, impossível. Entretanto, no hemisfério sul, 21 de março inicia o outono, que, simbolicamente, estaria ligado ao signo da Libra, o oposto a Áries na Eclíptica. A explicação de o sentido simbólico continuar o mesmo, sem variações relacionadas às estações do ano, reside em duas hipóteses. Uma delas demonstra que nessa época do ano o Sol recomeça sua trajetória ascendente na Eclíptica, o que, simbolicamente, representaria a ascensão do símbolo da vida. Uma outra, mais metafísica, reporta aos princípios fundamentais de mitos e escrituras sagradas, onde se afirma que é nessa época do ano que o Céu insemina a Terra, ou se funde com ela, deixando-a grávida da centelha divina e fornecendo ao primogênito (outro símbolo ariano) a capacidade de movimentar, de semear. O primogênito, em várias sociedades e tradições, costuma herdar, senão a maior parte, todos os recursos do pai e cabe a ele gerir tal herança, conduzindo familiares e entes próximos a objetivos sempre adiante.

Touro

Simboliza conservação, estabilidade, absorção, conforto, inércia, princípio feminino, economia, recursos (financeiros ou capacitações), prazeres do corpo, acúmulos, placidez, passividade, resistência a mudanças, exercício do papel de mantenedor, satisfação dos cinco sentidos, fertilidade, sensualidade, paciência, lentidão, concentração e apego, desconforto com contrariedades, acomodação, sensações corpóreas em primeiro lugar, preferência pelo tangível ou perceptível, com os cinco sentidos em lugar de abstrações.

Touro representa o recebimento da semente disponibilizada em Áries, plantando-a e deixando que a natureza prossiga com o trabalho de nutrição e germinação, tanto em sentido literal, quanto em sentido metafísico. Ao mesmo tempo, é o suporte resistente daquilo que está na dianteira, como foi dito acima. Após o trabalho de inseminação realizado em Áries (fertilização, semeadura, propostas iniciais, primeiros movimentos em direção a alguma coisa), Touro expressa a necessidade de uma pausa, permitindo que a semente descanse e comece a crescer. Esta pausa da natureza está também relacionada à nossa necessidade de desfrutar dos prazeres da vida, mesmo quando em situação de laboriosidade, percebendo agudamente o contato com os elementos, com a capacidade física de sentir o clima, suas variações, as diferenças de temperatura, e se isso é agradável ou não.

O corpo precisa estar satisfeito, forte e sem tensões para que possa desempenhar sem problemas as tarefas repetitivas do organismo ou as do dia-a-dia. A experiência taurina é a da necessidade de estar sempre preenchido, impregnado, para que haja um sentimento de vitalidade. O conceito de Vida aqui é ainda mais forte do que em Áries, pois Touro é onde conservamos a energia vital e os recursos que a mantêm, é onde fornecemos os meios para que essa energia possa persistir em sua existência e prolongá-la.

Gêmeos

Simboliza comunicação, respiração, instabilidade, distribuição, pensamento, raciocínio, variedade, dispersão, trocas constantes de ambiente, aprendizado esporádico ou básico, lógica, agilidade, curiosidade, notícias, dualidade, cinismo, desprendimento, assim como realização de contatos humanos para promover a reunião de idéias, pessoas e visões diferentes.

Gêmeos é a fase natural do aproveitamento dos recursos ou uma fase intermediária até esse aproveitamento, onde há condições para que aquilo que foi acumulado em Touro possa servir de apoio às experiências e articulações mentais tão necessárias ao desenvolvimento humano. Aqui existe a importância de conhecimento dos mecanismos que subjazem à vida e aos fenômenos naturais. Pertencente a um elemento de princípio masculino, tal como Áries, Gêmeos desconcentra e expande, saindo do núcleo criado pelo elemento feminino em Touro.

Essa época do ano, o final da primavera no hemisfério Norte e final do outono no Sul, marca o princípio que está por trás da formação de núcleos civilizados a serem completados no estágio seguinte, em Câncer. Tal formação, com muita propriedade, se deve ao comércio, que é um dos atributos de troca, realização de contatos e informação de mecanismos, próprio do símbolo do signo. É através dessa troca, desses contatos, que, mesmo em casas ou povoados diferentes, as famílias são reunidas, os grupos são feitos e as tradições formadas. Entretanto, muito embora conheçamos os tipos geminianos reunindo pessoas, não é atributo de Gêmeos a formação dos grupos coesos, uma vez que isso restringiria a possibilidade de variações nos contatos e informações. Isso veremos a seguir.

Câncer

Simboliza as emoções, a tradição, o passado, a família, o fundamento da civilização, a Mãe, o núcleo, a nutrição, o sentimento de amparo ou de pertencimento a uma linhagem, um grupo ou uma comunidade. Câncer é também a cozinha, o alimento, o cordão umbilical, a gestação e amamentação, as raízes. Expressa igualmente a pátria, a equipe, o círculo fechado de relacionamentos, a proteção contra o mundo exterior, os antepassados, a memória, a História, o histórico genético, aquilo que é conhecido e seguro.

Esta fase corresponde ao período de estocagem dos alimentos, ao preparo daquilo que foi semeado em Áries, acumulado em Touro e trocado ou comercializado em Gêmeos. Como dissemos anteriormente, Gêmeos promove o contato com visões e posturas diversas dentro de uma mesma comunidade, formando a base para um círculo de relacionamentos mais coeso aqui, em Câncer. Como fator de formação de núcleos, Câncer reúne os seres vivos e as forças da natureza a partir de suas matrizes (mãe), seus vínculos com o que lhes deu origem. Os grupos formados em Gêmeos começam a reunir-se por empatia, ao invés de interesses puramente mentais ou de conforto físico, coadunando o que têm em comum e gerando focos familiares. As famílias dão lugar à comunidade, que dá lugar à cidade – formação das primeiras civilizações. As equipes esportivas (podemos também incluir as escolas de samba) e suas torcidas são um bom exemplo de expressão canceriana.

Câncer marca a entrada do solstício de verão , no hemisfério Norte e de inverno, no Sul. Aqui no Brasil, nada mais canceriano que as tradicionais festas juninas, especialmente São João, que é quase um sinônimo do mês de junho , no Nordeste, com as comidas típicas e o simbolismo do interior do país, assim como nas representações dos “caipiras” através da quadrilha. Apesar da inversão climática com relação ao hemisfério Norte, percebe-se a mesma necessidade de calor humano, a mesma necessidade de promover o encontro de tradições e famílias. Aqui inicia-se a fase mais fecunda do ano, onde a dedicação aos interesses da comunidade imediata (família, empresa e núcleos similares) sobrepõe-se aos interesses mais pessoais dos três períodos anteriores. As épocas em que nos dedicamos à manutenção, conservação, reparação e moldagem do lar são épocas bastante características do signo de Câncer.

Leão

Expressa descendência, prole, autoconsciência, centro, representação, dramaticidade, divertimentos, vitalidade, paternidade, modelos de conduta, exemplos que promovem atitudes nas pessoas, autoconfiança, os amores, namorados(as), franqueza, criatividade e investimentos de risco. É a impressão deixada no mundo exterior, a marca registrada, a semelhança dos filhos com os pais e a satisfação do próprio ego.

Leão é a fase do ano em que o Sol está emitindo seus raios com maior intensidade, no hemisfério Norte. No hemisfério Sul, apesar de não haver a óbvia concentração de força solar do Norte, a potência centralizadora e fecundadora é a mesma. Repete-se aqui o princípio masculino de Áries, onde tanto a natureza quanto os seres humanos geram modelos de si mesmos, seja através da linha biológica (filhos-descendentes), seja através de atividades que expressem características únicas de seus criadores. Enquanto Câncer estaria relacionado às formas e moldes (matriz – feminino – concavidade), Leão representa os originais de onde se tiram os moldes para as cópias. Basta lembrar das impressões digitais e dos moldes de máscaras para cinema ou máscaras mortuárias. Os originais, aqui, são os dedos e o rosto, ambos originais convexos que dão forma às matrizes côncavas que podem reproduzi-los.

Na natureza, enquanto Câncer está associado à formação de núcleos, Leão expressa o próprio núcleo de todas as coisas, seja ele o celular, no nível biológico, ou o fator de gestão em quaisquer organizações sociais. A experiência do signo anterior marca a aproximação e concentração de indivíduos em dada localidade pelos laços emocionais e pelo enraizamento sócio-cultural, biológico ou ideológico (neste último caso, prevalecendo sempre o sentimento de amparo mútuo pelo pertencimento a um grupo de afins – Câncer não leva em conta a mente, como Gêmeos). Falamos dos times de futebol e das torcidas como características cancerianas, na medida em que expressam a reunião em torno de um núcleo. Leão será, portanto, o núcleo central dessas atividades, ou seja, os esportes, a diversão de assisti-los e de praticá-los, o brasão que simboliza cada clube ou agremiação, o enredo das escolas de samba e o próprio desfile. Veremos, quando abordarmos Aquário, signo oposto a Leão, que os vínculos de amizade são os responsáveis pelos divertimentos coletivos e pelas torcidas (a esperança em bons resultados).

Leão responde também pelo aspecto educativo do entretenimento. O quinto signo marca ainda a aproximação ou concentração em torno de uma figura que represente os anseios da comunidade (símbolo da realeza e dos governantes), que, a despeito da necessidade de diversão e entretenimento, é capaz de conduzir as expectativas para as responsabilidades do eríodo a seguir, em Virgem.

Virgem

Simboliza crítica, critério, laboriosidade, discriminação, detalhe, utilidade, humildade, trabalho, análise, síntese, organização, aperfeiçoamento, utensílios, praticidade, limpeza e higiene, saúde e as medidas tomadas para conservá-la ou melhorá-la. Rege a manutenção, os consertos, as ferramentas, o aprendizado detalhado de técnicas e disciplinas, a aplicação destas técnicas, os cuidados com a alimentação e com os alimentos, a assepsia, a prevenção de doenças e debilidades.

Após a fase leonina, onde nova pausa, porém criativa, foi feita, recomeça o contato com o mundo físico, o vínculo com o corpo, com os veículos que proporcionam bem estar e facilitam a vida.

Ainda usando a analogia das equipes esportivas, Virgem está ligado às pessoas e sistemas que realizam o preparo físico e técnico das equipes, ao aperfeiçoamento dos hobbies e atividades descompromissadas – até que venham a ser uma profissão ou algo que possa ajudar no sustento. Também podemos vincular este signo à parafernália organizacional de toda e qualquer atividade promocional, à prevenção de dificuldades, ao estabelecimento de parâmetros objetivos e à adequação de circunstâncias, locais e objetos às finalidades do uso humano. Virgem é a busca de meios práticos para aplicar e contextualizar o que veio à luz na fase anterior.

Enquanto Leão apresenta a altivez, a lição de Virgem é a humildade de perceber que, por mais que sejamos senhores de nosso destino e capazes de criar, sempre haverá alguém que sabe mais e sempre será preciso aprender mais. Virgem sabe que somente aquele que serve com dedicação pode vir a ser um verdadeiro líder, pois estes são os que mais doam de si (uma faculdade leonina – generosidade) na busca do bem estar de todos. São, por conseguinte, os mais sujeitos às cobranças do trabalho.

Para que as atividades físicas – sejam elas esportivas, profissionais ou conjugais – desenvolvam-se corretamente, é necessário atenção com a saúde e com sua manutenção. A catalogação de doenças e debilidades e o estudo clínico de como resolvê-las é atributo virginiano.

Com Virgem encerramos o primeiro hemisfério zodiacal. A partir de Libra, iniciamos o conceito de POLARIDADE, onde os próximos signos complementam os primeiros, assim como são complementares em seus atributos.

Libra

Simboliza contrastes, confrontação, harmonização e união de fatores opostos, casamentos, contratos, beleza, diplomacia, parcerias e oposições, sugestões, tratados, estética, apaziguamento, equilíbrio, pesos e medidas, inclinação e reação ante aquilo que se apresenta como proposta, efeito de qualquer ação ou causa, compensação, justiça, alianças, estratégias, agrados, partilha, recepção e neutralização (ou amortecimento) de impactos. Libra rege profissões que dependem de instrumentos de medição (setores comerciais que usam pesagem e simetria de algum modo).

Enquanto Áries, o signo oposto, representa a consciência da separatividade e as ações espontâneas (individuais), Libra representa a ação indireta, por meio de estratégias e do uso não exclusivo da própria individualidade para a modificação do meio ambiente. Tudo é baseado em apoio, equilíbrio e cooperação. É a época do ano em que a cautela e o discernimento permeiam as relações de troca e a busca de satisfação das necessidades de cada peça integrada numa negociação ou investimento. Se perguntarmos a militares qual é o melhor meio de vencer uma guerra, as respostas serão variadas, mas haverá um ponto em comum: não se vence uma guerra sozinho. É preciso aliar-se a alguém para vencer o inimigo. Este inimigo ou oponente não é necessariamente uma pessoa ou um exército, mas um sistema, um empecilho, um preconceito, um círculo vicioso ou uma tarefa difícil demais para um só.

A experiência da polaridade também leva ao conceito de similaridade não aparente. Para entendê-lo, uma bela analogia é a do aríete, sem sombra de dúvidas associado ao primeiro signo. O aríete é um tronco grande e pesado usado por diversas tribos guerreiras da Antigüidade e da Idade Média para derrubar a entrada das fortalezas e castelos. Apesar de ser um instrumento inteiriço, o aríete precisa ser empunhado por muitos guerreiros, que partilham o peso e somam forças na tarefa de perfurar a couraça. Somente essa atitude de cooperação permite o sucesso na empreitada. Aqui, a similaridade não aparente é que Libra é tão guerreiro quanto Áries, mas simboliza a união das individualidades com um objetivo comum. Um não é menos eficiente, nobre ou importante do que o outro. Apenas, cada um tem diferentes habilidades para diferentes situações.

Libra marca o equinócio de outono no hemisfério Norte e o de primavera no Sul. O simbolismo do Norte é bastante óbvio: na Antiguidade, após a colheita, havia a pesagem dos produtos e a partilha não apenas dos benefícios, mas também das responsabilidades daí decorrentes. Era o momento de contar com a consideração dos parceiros para com as necessidades individuais de cada grupo envolvido nas questões de troca e medida.

Para nós, no hemisfério Sul, especialmente no Brasil, isso pode ser verificado pela preparação estética dos corpos para o verão. Curioso notar que no Norte a preparação era, na antiguidade, para o inverno, um arregimentar de forças e recursos (a ser efetuado mais solidamente em Escorpião, o signo seguinte) para suportar com dignidade os rigores da estação de escassez vindoura. Ainda assim, para o Sul, em nossa cultura tropical, a época de Libra marca a mesma necessidade de unir forças e de usar o discernimento para compensar os esforços despendidos durante o restante do ano. Muitas empresas deixam para fazer a “medida” dos lucros e despesas de fim de ano durante essa época, prevendo o pagamento do 13o salário, cujo armazenamento mais contundente ou pagamento inicial será no próximo mês-signo.

Escorpião

Representa impostos, taxas, cobranças, legados, retornos, contabilidade, recursos compartilhados e fundidos numa unidade mais potente, fusão de objetivos, eliminação, excreção, reciclagem, iniciações, contatos com o invisível, decomposição, perdas necessárias aos ganhos, troca de células no corpo, mortalidade e imortalidade, continuação do legado biopsíquico e criativo, intensidade. Expressa o movimento de vir à tona, sair das profundezas, curar, transmutar, transformar matéria ou elementos grosseiros em energia sutil e pura.

Enquanto em Libra há a partilha e a divisão justa dos bens que cabem a cada um, de acordo com as iniciativas individuais, em Escorpião há não só a manutenção dos princípios regidos no período anterior, mas a fusão desses princípios e desses bens (como em Touro, seu oposto, que sustenta o princípio ariano). Em nível psicológico e metafísico, isso se refere à união e ao uso dos poderes oriundos da fusão da mente com a matéria. Em nível cotidiano, deparamos com o uso dos bens em conjunto, aqueles fatores que mais de uma pessoa juntou durante um ciclo de produção (seja agrícola, seja por outros meios modernos de acúmulo de bens e recursos) e agora são disponibilizados para o bem estar de todos os envolvidos.

Este mês marca a época da consolidação, recebimento e usufruto daquilo que foi acumulado. A experiência polar a Touro marca, na natureza, na vida humana e na espiritualidade, as operações de perdas ou de concessão de uma parcela (muitas vezes tudo) da própria individualidade, dos recursos, do tempo, do conforto e até do próprio corpo perante a natureza – o fator de decomposição e regeneração celular, perda de cabelos, putrefação de alimentos, adubação da terra com corpos de animais, de humanos, com folhas secas (“cedidos” ao meio-ambiente). Biologicamente falando, esperma e óvulo são cedidos à natureza, na criação de um outro ser humano. A menstruação (veremos em outros módulos que o ciclo menstrual está ligado à Lua) também pode ser considerado um fator de perda, pois são as paredes do útero que se desagregam.

É a época também em que a natureza recicla e utiliza todas as formas que já perderam seu propósito na Terra, cedendo-as para serem reutilizadas sob outras condições. Exemplo: o esterco que se transforma em húmus e revitaliza a terra, as folhas secas da floresta amazônica que retroalimentam o ecossistema, e a cadeia alimentar, onde os seres vivos são assimilados na forma de nutrientes para que outros seres possam continuar vivendo. Hoje em dia temos uma analogia curiosa com o transplante de órgãos.

São também atributos escorpianos: sanar as mazelas desde seu nível mais profundo ou inferior, inconsciente ou cármico; vencer através da dedicação total; clarear as terríveis dores e consequências funestas oriundas dos estados emocionais danosos. Através da identificação destes estados emocionais, inicia-se um processo terapêutico que purifica corpo, mente e espírito com ações decisivas e extremamente intensas, que utilizam tanto recursos materiais quanto imateriais na eliminação da anomalia.

Escorpião é ainda a liberação de energias a partir da matéria. Simboliza as primeiras experiências de retorno a uma condição sutil de existência, com a percepção das causas invisíveis que produzem certos efeitos visíveis. O trabalho em usinas nucleares, de reciclagem e de beneficiamento de lixo está ligado a este signo.

Enquanto Virgem realiza a prevenção da doença e de outros problemas, Escorpião realiza a cura e elimina ou erradica o problema sem piedade, quando este já atacou um dado sistema (corpo, mente, natureza etc). Virgo detecta o problema; Escorpião o desagrega e utiliza-o em benefício do sistema.

A associação de Escorpião com o sexo nada mais é que uma forma de transcender o aspecto criativo que a própria natureza tem. O orgasmo contém em si toda uma carga de emoções despejadas no meio ambiente psíquico, contribuindo para desembrutecer estas emoções, quando estagnadas.

Há uma perda de substância de nosso corpo, substância vital (esperma, muco, calor) que é transferida ao parceiro, formando a retroalimantação.

Enquanto Touro marca o recebimento de recursos e seu acúmulo, Escorpião marca o tributo a ser pago para que haja continuidade na vida (nos descendentes, que carregam em si os atributos dos antepassados). Todas as formas de tributo são relativas a Escorpião.

Sagitário

Expressa as noções de crescer, expandir, buscar, acreditar, criar mentalmente, viajar, confiar em mentores e ser orientado, seja em matérias práticas, seja em teorias e crenças espirituais (com todos os rituais a elas associados). Rege a locomoção por longas distâncias e os meios para isso, assim como sabedoria, bênçãos, leis, contato com culturas distantes, otimismo, aprendizado superior (faculdade, mestrado, doutorado), propaganda e propagação de conhecimentos, atividades culturais ao ar livre, religião e filosofia.

Em termos metafísicos, entramos na fase da busca e do recebimento da Graça, após a purificação e desinfecção em Escorpião.

Tal como Gêmeos, Sagitário detém o poder de influenciação, que será visto mais adiante também em Aquário, com suas ideologias. Tal poder é bastante conhecido no marketing, que trabalha com os processos mentais humanos e seus sistemas de crença. A indução de idéias e conceitos e sua propagação são características desse eixo Gêmeos-Sagitário.

Enquanto Escorpião tem vínculo com o mago ou sacerdote que procura as fontes primordiais de força universal para realizar atos de cura e purificação, Sagitário representa a dedicação constante ao aprendizado com essas forças cósmicas. Só é sábio aquele que não permanece preso a uma única forma de conhecimento. No entanto, é preciso haver uma grande dose de direcionamento e fé, sem especulações que possam reduzir o potencial de aproveitamento das oportunidades (Graça).

A linha escorpiana de cura está relacionada tanto ao uso de dotes psíquicos, quanto ao ataque direto à anomalia em nível físico. Sagitário, como continuador desta característica, não só difunde os meios escorpianos de cura, como também simboliza a utilização dos vegetais com esse intuito, tanto os mais conhecidos pela alimentação diária, quanto as ervas, cascas de árvores e minerais assimiláveis pelo organismo (às vezes elementos químicos facilmente encontrados na natureza sem necessidade de refinamento). Coisas que somente os chamados “mateiros” – ou todo e qualquer tipo de explorador de terras que viaja longas distâncias, como foi o caso dos bandeirantes – podem e devem conhecer para continuar sua jornada. Sagitário reúne e retransmite métodos e teorias de múltiplas origens culturais e, ao ensinar, transforma elementos aparentemente isolados em benefício, levando a idéia de que todos esses elementos têm uma fonte comum, seja ela uma tradição histórica, seja uma fonte divina.

Capricórnio

Expressa consolidação, realização, topo, cristalização, solidificação, permanência, metas, reputação, controle, ereção do corpo e de estruturas, pessimismo, resistência ao tempo, estruturas de apoio, sistematização e demarcação (limites) de terras cultiváveis, elevação do status de um conceito filosófico ou de uma idéia à categoria de sistema indispensável à vida comunitária. Capricórnio produz a diminuição de ritmos, a perda de calor-energia e de água – secagem, desidratação. Simboliza o manter-se de pé, o gerenciar um procedimento segundo regras rigorosas.

Sabendo-se que Câncer é o signo oposto, entende-se que Capricórnio está intimamente associado ao sistema de proteção e consolidação das cidades, os núcleos da civilização. As muralhas e medidas governamentais tomadas com o intuito de impedir a entrada de estranhos ou elementos nocivos à comunidade são típicas do símbolo capricorniano.

Enquanto Sagitário expande, Capricórnio contrai, dá corpo e forma tangível àquilo que foi teorizado no signo anterior.

No hemisfério Norte, Capricórnio marca o solstício de inverno e, no Sul, o de verão. O simbolismo do congelamento, do enrijecimento pela baixa temperatura, da escassez de alimentos e de luz-calor do Sol (Norte) contrasta com o influxo de luz e calor do verão de nossas latitudes. Entretanto, o simbolismo continua intacto, pois Capricórnio não remete apenas ao frio como fator de enrijecimento e perda de vitalidade. Há o enrijecimento por perda de água, por calor intenso. Haja vista os desertos deixados pela seca no Nordeste brasileiro durante essa época, o passamento das frutas (uva-passa, banana-passa), a mumificação natural nos desertos e nas matas, cujas folhas cobrem o corpo dos animais e seres humanos mortos, conservando-os, e as árvores mortas pela falta de água, cuja aparência remete ao simbolismo capricorniano do rigor e da permanência (vide as árvores petrificadas e os fósseis).

Devemos lembrar que o signo oposto a Capricórnio está ligado às marés e ao metabolismo, uma relação aquática por excelência. Caso não houvesse na natureza e na mente humana esse fator de consolidação e contração, não apenas todas as coisas criadas não teriam limites ou formas tangíveis como também não poderiam sustentar qualquer tipo de vida: o metabolismo (Câncer) precisa irrigar partes separadas do corpo com diferentes substâncias, em quantidades diferentes, além de haver a necessidade de organização e controle dos elementos do organismo (e da natureza) para que o caos não se instale e o sistema não entre em colapso. Imaginemo-nos sem os ossos, por exemplo!

Aquário

Expressa ideologias, rebeldia, revoluções, humanidade, distribuição igualitária de recursos, amizades, esperanças, cooperativas e federações, excentricidade, genialidade, avanços conceituais que beneficiam os grupos humanos e que favorecem as relações entre grupos de diferentes origens, etnias e culturas, invenções, tecnologia, ciência, frieza, liberdade sem limites, inspiração criativa, movimentos visando ao futuro, emissões de ondas de rádio, TV, satélites e até de ondas mentais, vôo, aerodinâmica, observação do céu e seus fenômenos.

Após Capricórnio, que demarca os limites, encontramos em Aquário a percepção da sintonia entre mentes e forças coletivas (ou cósmicas), que impede a permanência no isolamento. O símbolo da fraternidade aquariana vai além do sentimento de pertencer a uma comunidade ou a algum grupo específico. Já vimos em Sagitário o rompimento das barreiras físicas pela atitude mental. Em Aquário, este rompimento também existe, mas agora sem contar com meios tangíveis. Com isso, temos o fator de desenvolvimento da capacidade de sintonia com seres de qualquer parte do globo terrestre, com vistas a encontrar soluções e alívio para a sensação de impedimento. É conhecido o fato de várias pessoas ao mesmo tempo terem a mesma idéia em localidades distanciadas e sem comunicação aparente entre si. Dizemos “aparente” porque, não importa o que digam os mais céticos, existe um processo de sintonia entre ondas de mesma frequência, e isso não acontece apenas com aparelhagens sofisticadas. O ser humano é capaz de transcender os limites impostos pela fisicalidade através da mente e do desejo sincero de recuperar o contato com outros de mentalidade similar e de atingir freqüências elevadas que exprimam esperanças e soluções.

Oposto a Leão, Aquário representa exatamente o mesmo princípio da expressão do Núcleo, do Ícone. Entretanto, a manifestação aqui é a destruição dos ícones limitados e limitadores que a mente comum costuma criar. Um bom exemplo é a Revolução Francesa. O paradoxo é que o Ícone reverenciado pelo simbolismo aquariano é o ser humano com todos os seus atributos, desenvolvido, livre e feliz. Este núcleo é atingido pelo beneficiamento da situação coletiva, em contrapartida à supervalorização de uma única entidade. Esse coletivo é a espécie humana, o reflexo de um conceito que lhe deu origem.

Outro paradoxo da manifestação aquariana é a necessidade de haver um veículo físico ou tangível (corpo, fios, cabos, antenas) para que seja estabelecida a sintonia entre os veículos não físicos ou sutis (mente, ondas, eletricidade). É preciso haver, portanto, uma estrutura – criada em Capricórnio – para que haja funcionamento sutil em todos os níveis de manifestação da natureza humana e da natureza em geral.

A época do ano marca a concentração em torno dos planos para os meses vindouros, especialmente para o período inicial em Áries, quando a potência de ação é melhor aproveitada. Entre os árabes, Aquário marca a época das chuvas. Entre os brasileiros, temos as férias de verão, iniciadas em Capricórnio.

Aquário é também um dos fatores simbólicos relacionados ao estudo da Astrologia.

Peixes

Simboliza negação do ego, a vida subconsciente e suas manifestações em sonhos e atos falhos, compaixão, dedicação ao alívio do sofrimento alheio, evasão da realidade e todos os outros tipos de evasão conhecidos (até mesmo as retiradas militares e a fuga diante de forças superiores, impossíveis de serem enfrentadas). Este signo representa devoção, auto-sacrifício, filantropia, sonhos, energias sutis dificilmente detectadas até mesmo por aparelhos, vítimas, submissão a uma força maior que a própria individualidade ou maior que a humanidade, visão globalizada e transcendente, que dispensa detalhes.

Vivenciar o que está fora do controle da individualidade é uma típica experiência pisciana. Peixes é o último signo do zodíaco, antes da experiência de individualização e separatividade em Áries. O mês de Áries recebe todo o influxo de expectativas, potenciais e dons sintetizados no caos do período pisciano. É interessante notar que muitas idéias passam por um processo de inseminação, consolidação de padrões, difusão coletiva em confronto com a ordem pré-estabelecida e uma fase de gestação, onde se vê a fusão dos elementos tradicionais e dos inovadores que serão corporificados na ação ariana. Todo esse processo repete a seguinte sequência: Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes, que simboliza o ponto de gestação anterior à manifestação objetiva em Áries.

Enquanto Virgem se comunica habilmente visando resultados práticos, Peixes é um signo cuja comunicação é não verbal, mas expressiva, às vezes até telepática, precisando de uma linguagem universal como a música ou a matemática (música é matemática pura, levada pelo instinto e sensibilidade) para poder demonstrar suas percepções de forma mais ou menos compreensível.

Após o período de Aquário, Peixes inicia a redistribuição e o conhecimento mais profundo das causas que propiciam o alcance das percepções mais elevadas. Como Sagitário, Peixes também relaciona-se ao princípio da Graça Divina e das oportunidades. Entretanto, as oportunidades da época são limitadas pelos meios físicos. Resta à natureza e às individualidades nela presentes manter a conexão com forças além do físico ou com causas maiores, para que haja o alcance das oportunidades. Enquanto Sagitário representa aquilo que na natureza vai objetivamente ao encontro das oportunidades (e que tem meios para tanto), Peixes relaciona-se ao estado de “passividade dinâmica”, que conforma-se com a impossibilidade de realizar diretamente determinado intento e confia em “algo além” para proporcionar os meios. Um exemplo cotidiano é a pescaria, que depende do clima, das estações do ano, de condições geográficas e de todo o ecossistema marinho.

Navegar também é um bom exemplo, especialmente se situarmos a navegação na época anterior aos Descobrimentos, onde o mar, todo-poderoso, detinha poder de vida e morte sobre tripulantes das antigas embarcações. Além da perícia técnica dos pilotos e marinheiros (vide o simbolismo do signo oposto – Virgem), era preciso uma boa dose de fé na Providência para vencer as intempéries, pois o navio (representando a individualidade) na imensidão do oceano (a força maior) era nada mais que um joguete nas mãos da natureza.

Todo e qualquer local de refúgio, inclusive os de caráter espiritual, é relacionado a Peixes. O útero materno também representa um tipo de refúgio, se entendermos a formação psíquica do indivíduo já nesta fase. Após este refúgio, onde há grande caos e, ao mesmo tempo, concentração de atributos universais e individuais, há o ressurgimento potente e vigoroso em Áries.

E o ciclo recomeça.

Carlos Hollanda